Praça Marechal Deodoro

A Praça Marechal Deodoro é um marco histórico e cultural que conecta o passado da cidade ao presente e ao futuro. Sua história remonta ao século XVIII, quando a área era composta por casebres de palha de coqueiros e por um largo chamado Cotinguiba. Com o crescimento do povoado, o local foi renomeado Largo das Princesas, em homenagem às princesas Isabel e Leopoldina.

A transformação do Largo das Princesas para a Praça Marechal Deodoro começou no início do século XX. Em 3 de maio de 1910, foi inaugurado o monumento e a reurbanização da praça, estes planejados por Rosalvo Ribeiro, inspirada na famosa Place de la Concorde, em Paris, o projeto foi encomendado pelo intendente Demócrito Brandão Gracindo para celebrar a memória de Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil e Proclamador da República.

A estátua equestre de Marechal Deodoro, feita de bronze, foi um dos destaques dessa transformação. Encomendada pelo governador de Alagoas da época, Euclides Malta, a escultura retrata o Marechal erguendo o chapéu em saudação ao novo regime, enquanto está montado em seu cavalo, pronto para defender a república recém-conquistada. As luminárias e estátuas que adornam a praça foram forjadas na Fundição Val d’Osne, na França, e representam os continentes: Europa, Ásia, África e América, cada um simbolizado por figuras em combate com animais.

Manoel Deodoro da Fonseca, filho do coronel Manuel Mendes da Fonseca e membro de uma família de tradição militar, ingressou na Escola Militar do Rio de Janeiro em 1843, com pouco mais de 15 anos. Casou-se aos 33 anos com Mariana Cecília de Sousa Meireles, considerada pelos biógrafos uma mulher educada, religiosa, modesta e talentosa, nos moldes contemporâneos. Ele participou ativamente da guerra entre Brasil, Uruguai e Paraguai, retornando com o título de coronel. Em 1884, foi promovido a marechal e, cinco anos depois, em 15 de novembro de 1889, liderou a Proclamação da República.

Como primeiro presidente da República do Brasil, permaneceu no cargo até novembro de 1891, quando, já muito doente, passou o cargo para o também alagoano Marechal Floriano Peixoto. Deodoro Morreu no Rio de Janeiro, em 23 de agosto de 1892, vítima de problemas respiratórios.

A praça sempre foi um centro cultural e político de Maceió, cercada por edifícios como a Academia Alagoana de Letras, o Teatro Deodoro e o Tribunal de Justiça do Estado. Palco de eventos históricos e manifestações culturais, um espaço urbano que reflete a identidade e as transformações de Maceió ao longo dos séculos.

Em 2010, a praça passou por uma reforma focada no piso e na acessibilidade, sem a restauração dos monumentos históricos.

Em 2024, a Praça Marechal Deodoro passou por um processo de revitalização conduzido pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maceió (Iplan), em parceria com o Tribunal de Justiça. O projeto buscou preservar sua rica história enquanto a transformava em um espaço moderno e acessível para moradores e visitantes.

Entre os destaques da revitalização estão o Museu do Tribunal de Justiça, que conta com uma sala de realidade virtual, permitindo aos visitantes explorar diferentes períodos históricos da praça, e a obra de arte assinada por Délson Uchôa, intitulada “Minadouros Lampejantes”. Disposta como uma releitura no chão, a obra faz referência à trama da cestaria ameríndia (Caeté), típica de Alagoas, e é um híbrido entre pintura e instalação.

Délson descreve a obra como: “Uma escultura mista de luz, cor e água. É uma fonte que brota do chão da praça, que, na contemplação, fala de alegria. E, na interação, da realização de desejos. Como uma joia que, ao mínimo contato, seja visual ou tátil, desperta o encantamento presente nas nuances das cores do sertão de Alagoas. Um chão de possibilidades pictóricas e imagéticas. O translúcido das águas do rio São Francisco em seu degradê cadenciado. O ritmo da cor e suas sensações”.

A praça, que está sendo entregue à população, resgata elementos que foram característicos de épocas passadas e fizeram parte da sua história, como a fonte que foi instalada que remete a antiga fonte da praça, utilizando ladrilhos e cores que evocam o passado. As Cores, água e símbolos históricos, como a representação da cavalaria do Marechal Deodoro, criada pelo artista Rogério Sarmento e doada pelo Tribunal de Justiça.

A escultura da Cavalaria de Marechal Deodoro é uma obra imponente e simbólica, concebida para homenagear o mártir que desempenhou um papel fundamental na proclamação da República no Brasil. Criada em cimento armado, as esculturas refletem a robustez e a durabilidade do legado deixado pelo militar e estadista.

Sobre a composição, Rogério Sarmento, acrescenta: "Com linhas vigorosas e um detalhamento expressivo, busca capturar o dinamismo e a coragem de Deodoro da Fonseca liderando o movimento que pôs fim ao Império. O uso do cimento armado, uma técnica inovadora e resistente, reforça a ideia de permanência e solidez dos ideais republicanos que ele ajudou a estabelecer”.

O artista ainda destaca a riqueza dos detalhes: "Cada elemento da escultura desde o movimento ascendente do cavalo, simbolizando a força e o ímpeto da mudança, até o porte altivo do marechal — foi cuidadosamente projetado para transmitir a determinação e o espírito de liderança do primeiro presidente do Brasil”.

As melhorias implementadas na Praça Marechal Deodoro focam em promover maior acessibilidade e funcionalidade para todos os visitantes. As intervenções incluem a eliminação de desníveis e a reconfiguração dos percursos, garantindo um espaço mais inclusivo. Além disso, foi projetado um novo sistema de iluminação, que realça os monumentos históricos ao entardecer, criando um ambiente visualmente atrativo e adequado para o uso público.

O espaço também conta com equipamentos modernos, como bancos com USB, atendendo às necessidades da população. A iluminação cênica e especial no piso, junto com uma melhor disposição das lixeiras, contribui para a organização e a estética do local. Todos os elementos foram cuidadosamente pensados para garantir o bem-estar de quem frequenta a praça.

Essas intervenções, que aliam a preservação do patrimônio histórico à modernização do espaço urbano, destacam a Praça Marechal Deodoro como um elemento estratégico para o desenvolvimento cultural e turístico de Maceió. A revitalização reforça sua relevância enquanto patrimônio simbólico, consolidando-a como um dos principais atrativos culturais e históricos da cidade.

Adaptado do texto escrito pelo Juiz Claudemiro Avelino de Souza, historiador e curador do Centro de Cultura e Memória do TJAL