Saúde reforça alerta sobre sinais e sintomas da Hanseníase
Ministério da Saúde suspendeu busca ativa de casos, mas orientações serão repassadas nas ações de rotina das unidades de saúde
Caracterizada pelo aparecimento de manchas avermelhadas ou esbranquiçadas, com perda de sensibilidade à dor, ao toque e ao calor, a hanseníase é o foco central da campanha Janeiro Roxo, que se refere ao mês dedicado à conscientização e combate à doença, que afeta cerca de 30 mil pessoas a cada ano no Brasil. A campanha tem como objetivo visa alertar sobre os sinais e sintomas da doença que, se não for tratada a tempo, pode atingir os nervos periféricos e levar a incapacidades físicas.
A principal estratégia da campanha – a Semana de Mobilização Nacional da Hanseníase, no período de 17 a 22 deste mês – no entanto, foi desaconselhada pelo Ministério da Saúde e cancelada, em consenso, pelos programas estaduais e municipais, devido à atual situação epidemiológica do país, que registram surtos gripais e um novo crescimento do número de casos da Covid-19.
“Com isso, a principal atividade da semana de mobilização – a busca ativa de casos de sintomáticos e exame de contatos dos casos tratados nos últimos 5 anos – se tornou inviável. Mas o trabalho de conscientização e divulgação de sinais e sintomas da doença tem sido mantida na rotina das unidades e as equipes já estão capacitadas para, assim que o cenário epidemiológico possibilitar, seguirem com o trabalho de campo”, explicou a coordenadora do Programa de Combate e Controle da Hanseníase, Vânia Bernardino Barbosa.
Atendimento
De acordo com dados do Programa, Maceió tem atualmente 83 casos em tratamento. O atendimento a esses pacientes é feito por profissionais capacitados, em 56 unidades de saúde que têm o programa implantado. E a coordenação também se coloca à disposição dos usuários para o esclarecimento de dúvidas ou informações, através do telefone (82) 3312-5584.
Nas unidades, além de informações e orientações, os usuários passam por exame no local das manchas ou lesões e encaminhados para tratamento. Na rede pública, o tratamento é realizado com medicamento gratuito, durante o período de seis meses. Dessa forma, os pacientes podem se tratar em casa, mas com a supervisão periódica dos profissionais de saúde.
Cenário atual
Vânia ressalta que a ação é necessária, principalmente, para destacar a importância de se buscar o tratamento o quanto antes, pois sem o diagnóstico, a doença pode ocasionar lesões neurais, acarretando em danos irreversíveis de alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.
“Com o cenário da pandemia da Covid-19, que afastou a população das unidades de saúde, houve uma queda de 15,63% entre 2019 e 2021 na detecção de novos casos de hanseníase em Maceió. Pode parecer um percentual pequeno, mas 60% desses casos são multibacilares – a forma mais transmissível – e foram diagnosticados já em estágios mais avançados da doença. Então, acreditamos entendemos que podemos ter muitos infectados que ainda não foram diagnosticados”, alerta a coordenadora do programa municipal.
A doença
A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais. Seus principais sintomas são as lesões na pele, que podem se apresentar como manchas esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade ao calor, ao toque e à dor, ou ainda perda de força no braços.
Com o avanço da doença, o paciente pode apresentar perda da sensibilidade nas mãos e pés e ainda perde a proteção natural contra queimaduras e traumas. Além disso, pode causar a atrofia muscular, garras nas mãos ou nos pés e também o pé caído. Por isso, a orientação é que, logo que surgir qualquer mancha no corpo, mesmo sem dor ou coceira, a pessoa deve procurar a unidade de saúde mais próxima de casa para ser avaliado.
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