Residências Terapêuticas consolidam luta antimanicomial em Maceió

Iniciativa resgata autonomia, cidadania e liberdade para pacientes de antigos hospitais psiquiátricos

Cássia Oliveira/Ascom SMS 18/05/2023 às 15:47
Residências Terapêuticas consolidam luta antimanicomial em Maceió
Município disponibiliza sete residências terapêuticas para o acolhimento de usuários. Foto: Ascom SMS

Celebrado anualmente para lembrar que as pessoas com sofrimento mental têm direito, assim como qualquer cidadão, à liberdade, ao direito de viver em sociedade e de receber cuidado e tratamento sem precisar estar isolado, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, comemorado nesta quinta-feira (18) se vê diretamente refletido, em Maceió, na consolidação do processo de desinstitucionalização, por meio das chamadas residências terapêuticas.

Reconhecidas como um marco desse processo, por garantir (em conjunto com os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS) aos usuários – anteriormente pacientes psiquiátricos de longa permanência – o seu direito à cidadania e à autonomia, as residências terapêuticas tornaram realidade as propostas da Reforma Psiquiátrica Brasileira, contribuindo para a humanização do atendimento nessa área.

Atualmente, Maceió dispõe de sete residências terapêuticas, nas quais estão acolhidos usuários egressos da Clínica Dr. José Lopes de Mendonça e da Clínica Miguel Couto – oferecendo-lhes condições dignas de moradia. O acompanhamento desses pacientes é feito pelos CAPS Sadi Carvalho (Chã de Bebedouro), Noraci Pedrosa (Conjunto José da Silva Peixoto) e Dr. Rostan Silvestre (Jatiúca), direcionados ao atendimento de transtornos em adultos.

“O Dia de Luta Antimanicomial em Maceió tem feito muito sentido por possibilitar a esses usuários, através das residências terapêuticas e da Rede de Apoio Psicossocial, construir – dentro das limitações de cada um – uma rotina de vida, pois mostram na prática e de forma efetiva que a proposta do cuidado humanizado e em liberdade, com a reinserção familiar e social, é totalmente possível”, afirmou a gerente de Atenção Psicossocial da SMS, Roseane Farias.

Instituídas como parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde, as chamadas residências terapêuticas (RT's) são administradas – por meio de convênio de cooperação – pela Associação de Usuários e Familiares dos Serviços de Saúde Mental de Alagoas, a Assuma.

Em cada RT uma equipe composta por cuidadores, cozinheiras, técnicos de Enfermagem e enfermeiros está presente no desenvolvimento diário de tarefas. Além disso, os usuários participam de oficinas lúdicas e atividades do cotidiano, em que reaprendem a lidar com uma rotina e responsabilidades, inclusive as que se referem à autonomia financeira, resgatando neles a própria cidadania.

“Vale muito à pena vê-los recuperar a própria vida, às vezes, surpreendendo até a própria família. E até mesmo aqueles que já não têm família, formam nas residências um novo vínculo, num ambiente muito diferente da frieza de uma instituição psiquiátrica. É muito gratificante”, atesta a coordenadora das RT's pela Assuma, Telma Vieira.

O Movimento

O Movimento da Luta Antimanicomial foi iniciado em 1987, na cidade de Santos (SP), mas se tornou uma realidade a partir de 2001, quando foi promulgada a Lei Nº 10.216, que substituiu o tratamento feito nos hospitais psiquiátricos pelos serviços dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), inaugurando uma nova trajetória na proposta de Reforma Psiquiátrica Brasileira.

A reforma tem o objetivo de propor mudanças não só no cenário da Atenção à Saúde Mental, mas também questionar as relações de estigma e exclusão que social que culturalmente se estabeleceram para as pessoas que vivem e convivem com os transtornos mentais.

SMS

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