PAM Salgadinho oferta tratamento para infecções sexualmente transmissíveis

Redação 01/12/2021 às 17:15
PAM Salgadinho oferta tratamento para infecções sexualmente transmissíveis

Serviço é disponibilizado no Bloco I e conta com equipe multidisciplinar que atua no auxílio e acolhimento do paciente

“Quando fui diagnosticada com HIV, eu me senti péssima. No mesmo momento pensei que ia morrer. Mas foi em 2004 que iniciei o tratamento no Bloco I do PAM Salgadinho. É a minha segunda casa, lá sou acolhida e recebo atendimento humanizado e carinho de todos os profissionais de saúde”. Esse é o relato da funcionária pública e usuária do PAM Salgadinho há 17 anos, Rita de Cássia Alcides, que também é representante alagoana do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP).

O Dia Mundial de Combate à Aids, comemorado nesta quarta-feira (1º), tem por função primordial alertar toda a sociedade sobre essa doença, além de fazer uma desconstrução do preconceito sobre as pessoas que vivem com HIV/Aids e a conscientização do público sobre comportamentos seguros de prevenção. Para tanto, o PAM Salgadinho – maior unidade de atendimento especializado em média complexidade de Maceió, localizado no bairro do Poço – oferta no Bloco I atendimento e tratamento de pacientes com HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

PAM Salgadinho oferece espaço para atendimento e tratamento de pacientes com com HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Foto: Victor Vercant/Ascom SMS

Funcionando por demanda espontânea, o atendimento para este público é realizado durante todo o ano, no qual dispõe de testes rápidos para detecção de doenças como HIV, sífilis e hepatites B e C, além de oferecer medicação gratuita para o tratamento do HIV/Aids.

A enfermeira e coordenadora do Bloco I do Pam Salgadinho, Riviane Tavares, explica que a unidade dispõe de profissionais que acolhem e orientam todos que procuram o serviço.

“Os pacientes do Bloco I contam com uma equipe multidisciplinar constituída por enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, médicos infectologistas, gastroenterologistas, dermatologistas e pediatras. Aqui, os usuários são acolhidos e orientados por toda essa rede profissional”, afirma.

Riviane Tavares, enfermeira e coordenadora do Bloco I do Pam Salgadinho. Foto: Victor Vercant/Ascom SMS

Ela ainda destaca a importância das gestantes, também, procurarem o atendimento, pois elas podem se prevenir precocemente e evitar que a criança seja infectada com o HIV. “As gestantes também têm um lugar especial aqui no Bloco I, onde elas podem realizar o teste rápido e receber as orientações necessárias para evitar a transmissão do HIV para a criança. Quando essa gestante tem o diagnóstico e já realiza o tratamento com a medicação, na maioria das vezes há um sucesso e a criança não contrai o vírus. Por isso, é importante que essas mulheres realizem o teste como forma de diagnóstico precoce e, consequentemente, evitar o contágio do bebê”, esclarece.

De acordo com dados do boletim epidemiológico de dezembro de 2020, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, desde o início da epidemia de Aids (1980) até 31 de dezembro de 2019, foram notificados no Brasil 349.784 óbitos tendo o HIV/Aids como causa básica. Em Maceió, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de 2014 a 2019 houve 416 mortes por Aids entre residentes da capital.

“O nosso foco é fazer um trabalho de prevenção e realizar um diagnóstico precoce, e isso melhora muito o tratamento desse paciente. O momento do diagnóstico é muito importante, pois, a partir dele, será iniciado o tratamento adequado. Fazendo esse diagnóstico precoce, o paciente é beneficiado, estando na fase do HIV. Quando é descoberto na fase Aids, ele adquire mais patologias e, por sua vez, a recuperação demora mais para acontecer”, pontua Riviane Tavares.

Sobre a PrEP e a PEP

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de risco à infecção pelo HIV consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais antes da exposição sexual ao vírus, para reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV. O objetivo da PrEP é prevenir a infecção pelo HIV e promover uma vida sexual mais saudável. A medicação deve ser tomada todos os dias para proteger contra o HIV.

“O Bloco I do PAM Salgadinho também oferece o Centro de Testagem e Aconselhamento, que funciona diariamente, manhã e tarde, e não há necessidade de agendamento para o paciente ser beneficiado com este serviço de prevenção ao HIV. Nesse centro, existe o tratamento com a Profilaxia Pré-Exposição, disponibilizado apenas no PAM Salgadinho”, enfatiza a enfermeira Riviane Tavares.

Bloco I dispõe de tratamento com PrEP e PEP. Foto: Victor Vercant/Ascom SMS

O usuário Alex Cavalcante, de 24 anos, diz que utiliza o tratamento para se prevenir das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). “Eu faço tratamento com o PrEP para saber como está minha saúde e se eu contrair alguma DST. A cada três meses eu retorno aqui no Bloco I para fazer o acompanhamento médico. É muito importante procurar a prevenção”, comenta.

Já a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, existindo também profilaxia específica para o vírus da hepatite B e para outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como: violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com seu rompimento) e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). A medicação deve ser tomada em até 72h, após a exposição ao HIV, por 28 dias.

Sobre os CTAs

Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) permitem que a população tenha acesso ao diagnóstico precoce de infecções sexualmente transmissíveis, ao mesmo tempo em que possibilita o contato com grupos que se encontram em situação de maior vulnerabilidade. O teste é acompanhado de atividades de educação, aconselhamento e intervenção, sendo um ponto estratégico da Rede de Atenção para a ampliação do acesso e busca ativa de populações de maior vulnerabilidade.

O uso do preservativo

O preservativo, ou camisinha, é o método mais conhecido, acessível e eficaz para prevenir a infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis e as hepatites B e C. Além disso, ele evita uma gravidez indesejada.

“Até hoje nós não temos nenhum outro método que seja tão eficaz quanto o uso do preservativo. E nós, profissionais de saúde, estamos sempre orientando os pacientes a fazer o uso deste, em qualquer prática sexual, para evitar o contato e minimizar o risco de contrair o HIV e as demais doenças, como as hepatites virais”, alerta Yuri Toledo, médico clínico que atua na Infectologia do Bloco I.

Yuri Toledo, médico clínico do Bloco I. Foto: Victor Vercant/Ascom SMS

Ainda segundo o médico, o alerta vale para dois públicos: tanto para jovens e adolescentes, quanto para a terceira idade, e esta pode ter expectativa de vida ao realizar o tratamento necessário. “Os cuidados de proteção nas relações sexuais devem ser multiplicados para estes dois grupos, que são os que mais preenchem a demanda aqui no Bloco I do Pam Salgadinho. Em relação ao público idoso e que tem alguma DST, é importante lembrar que não é o fim. Muito pelo contrário, os pacientes que mantém, regularmente, o tratamento com o uso de antirretrovirais, que faz acompanhamento médico e que tem a carga viral indetectável por um período de tempo, tem qualidade e expectativa de vida igualmente a outra pessoa, de sua faixa etária, que não é infectada pelo vírus”, completa.

Dezembro Vermelho

A campanha do Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Durante o mês, as ações são intensificadas e buscam sensibilizar a população sobre os mecanismos de prevenção e diagnóstico dessas doenças e também para a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV/Aids.

O mês de dezembro foi escolhido pelo Ministério da Saúde em razão do Dia Mundial de Combate à Aids, que é 1º de dezembro. A cor vermelha, por sua vez, foi escolhida por ser a cor do laço, símbolo da luta contra a Aids.

Marília Ferreira / Ascom SMS

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