Método Canguru: Profissionais da Atenção Básica são capacitados para atender bebês prematuros
Assistência em Unidades de Saúde deve ser prestada a bebês prematuros e de baixo peso após alta hospitalar
O Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança da Secretaria de Saúde de Maceió realizou nesta quinta-feira (28), no auditório do órgão, o curso de sensibilização 'Método Canguru na Atenção Primária: Cuidado Compartilhado'. A capacitação, que tem continuidade nesta sexta-feira (29), faz de Maceió o primeiro município de Alagoas a ter profissionais da Atenção Básica capacitados para o acompanhamento de bebês prematuros e de baixo peso após alta hospitalar.
Segundo Edjane De Biase, tutora do Método Canguru na Atenção Primária e Hospitalar do Município, o cuidado com o recém-nascido prematuro e de baixo peso deve ser compartilhado. “Nos dois dias de capacitação vamos falar sobre as particularidades desses bebês, pois após a alta hospitalar, eles precisam ser vistos de forma mais cuidadosa pela Atenção Primária, que é o local que eles serão acompanhados, tanto eles quanto suas famílias”, destaca.
A tutora do Método explica quais são os principais benefícios do Método Canguru para a saúde da criança. “Um dos principais é a diminuição da mortalidade infantil. Depois temos o aumento do vínculo entre mãe e filho, a maior adesão do aleitamento materno, o olhar diferenciado para estimular o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, a estimulação adequada quando há baixa intelectual, entre outros”, completa Edjane De Biase.
Essa primeira turma do curso é composta por profissionais de nível superior que integram as equipes da Atenção Primária, da Estratégia de Saúde da Família e do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf) nos II e VI Distritos Sanitários. O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento desses bebês, que era realizado apenas pelos ambulatórios das unidades hospitalares, será feito também pelas unidades de saúde de Maceió, de forma compartilhada. O curso conta também com a parceria de profissionais da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Uma dessas profissionais é a enfermeira da Unidade de Saúde da Família (USF) Jardim São Francisco (Levada), Cândida Santana. Para ela, a capacitação é importante para que os profissionais de saúde levem um atendimento qualificado para esses bebês e suas famílias.
“Não conhecia o Método Canguru, mas estou achando maravilhoso, pois tanto nós da enfermagem quanto os demais profissionais saberemos como lidar com esses bebês que chegam até a gente, prestando toda a assistência que ele precisa para se desenvolver de forma adequada”, afirma a enfermeira.
A coordenadora do Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança, Marglene Oliveira, destaca que reduzir os índices de mortalidade infantil no Município é um dos principais ganhos dessa iniciativa.
“Muitas vezes recebíamos esses bebês e não tínhamos para onde encaminhar ou prestar um tratamento adequado, então, nossos profissionais da Atenção Básica podem oferecer essa assistência, tendo um olhar diferenciado”, ressalta a coordenadora.
Política de Atenção Humanizada ao recém-nascido prematuro e baixo peso
Um dos temas abordados durante o curso foi a Política de Atenção Humanizada ao RNPT e BP no Brasil, que foi facilitada pela terapeuta ocupacional Manuela Albuquerque. Ela apresentou as vantagens e aplicação do método e contou como foi o início das primeiras políticas de saúde voltadas para esses bebês.
“No Brasil, em 2000, foi publicada a primeira Norma de Atenção Humanizada para os prematuros e se tornou a primeira política em saúde para a área. Nos primeiros 10 anos, esse cuidado ficou centrado no cuidado hospitalar e de 2011 em diante é que ele passou a se articular com a Atenção Primária. Porém, esse acompanhamento do RN deve ser compartilhado desde a alta hospitalar e o Método Canguru deve começar desde o pré-natal, que é onde já começa o acolhimento da família e o cuidado individualizado”, explica Manuela Albuquerque.
Demais exposições
A capacitação contou, ainda, com palestras sobre particularidades e repercussões clínicas dos bebês prematuros, como receber esses bebês na Atenção Básica, aspectos emocionais para a família na chegada desses bebês e redes de apoio. Os profissionais também participaram de momentos práticos com a realização de oficinas com a construção de Ecomapas (instrumento de abordagem familiar), posturação e manuseio do bebê, nutrição e amamentação e cuidados diários.
Ao final dos dois dias de capacitação, os profissionais devem elaborar um plano de ação, para implementar o cuidado canguru em seus locais de trabalho.
A capacitação conta com a participação de 40 profissionais de saúde e será ministrada, além de Edjane de Biase e da terapeuta ocupacional Manuela Albuquerque Lima, pela fonoaudióloga Mére Lander Moreira Lins, pela fisioterapeuta Gabriella Almeida, pela psicóloga Regina Japiá e pela nutricionista Renata Moura Protásio, tutoras do Método Canguru no Estado, além da médica pediatra Sirmani Melo Frazão, coordenadora estadual do Método Canguru.
Sobre o Método Canguru
O Método Canguru é um modelo de assistência ao recém-nascido prematuro e sua família, internado na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, voltado para o cuidado humanizado, que reúne estratégias de intervenção biopsicossocial. Nele é estimulada a presença dos pais na unidade neonatal com o livre acesso e a participação nos cuidados com o filho. Estes devem ser individualizados, respeitando o sono e o estado comportamental do recém-nascido. O pai e a mãe são orientados a tocar o filho e a realizar a posição canguru precocemente.
A ação é desenvolvida em três etapas – do pré-natal da gestação de alto risco, até a internação do recém-nascido pré-termo na Unidade Neonatal; após o parto, ainda na unidade hospitalar, onde o bebê permanece de maneira contínua com sua mãe, que participa ativamente dos cuidados do filho; e, na terceira etapa, quando o bebê vai para casa e é acompanhado, juntamente com sua família, pelo ambulatório do seu hospital de origem e pela Unidade Básica de Saúde, até atingir o peso de 2,5 kg.
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