Formação qualifica profissionais sobre saúde mental
Trabalhadores da saúde foram capacitados a identificar e encaminhar usuários com algum sofrimento mental por conta do trabalho
O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) realizou, nesta quarta-feira (25), no auditório da Secretaria de Saúde de Maceió, o I Encontro em Saúde Mental do Trabalhador. O evento tem como objetivo capacitar profissionais de saúde dos municípios da 1ª, 4ª e 5ª regiões de saúde de Alagoas sobre investigação do adoecimento mental dos usuários, estabelecendo nexo causal com o trabalho visando a elaboração de políticas de saúde para a área.
De acordo com a coordenadora do Cerest, Sthefane Melo, o evento busca orientar sobre a importância do aumento dos registros de notificações de usuários trabalhadores junto ao Ministério da Saúde, no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN).
“É evidente que há uma subnotificação desta informação, uma vez que, a segunda maior causa de afastamento do trabalho são os transtornos mentais e são poucos os municípios de Alagoas que fazem esse registro para o Ministério da Saúde”, explica a coordenadora.
O encontro desta manhã foi dividido por temáticas, sobre as quais o Cerest dialogou com os profissionais de saúde presentes. A primeira delas foi 'O nexo do adoecimento mental com o trabalho', conduzida pela psicóloga do Cerest, Analinne Maia.
A discussão seguiu com Karoline Félix, também psicóloga do Cerest, que falou sobre a importância do preenchimento da ficha de notificação/investigação sobre transtornos mentais.
Por fim, as assistentes sociais do Centro de Referência, Renata Amorim e Nelcirleide Pontes, falaram sobre os riscos psicossociais e intersetorialidade.
Participam do encontro profissionais dos municípios de Barra de São Miguel, Barra de Santo Antônio, Coqueiro Seco, Flexeiras, Marechal Deodoro, Messias, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba, que fazem parte da 1ª região de saúde de Alagoas, área de abrangência para o atendimento do Cerest Maceió.
O nexo do adoecimento mental com o trabalho
A psicóloga do Cerest, Analinne Maia, destacou em sua apresentação a importância da integração entre o Cerest com os serviços de saúde.
“É preciso que os profissionais tenham um olhar especial para o trabalho, porque o usuário do serviço é ou foi também um trabalhador e aquele ofício não foi neutro para sua saúde, podendo melhorá-la ou piorá-la. Então esse olhar e também os encaminhamentos e as notificações são muito importantes que possamos fomentar nossas ações”, afirmou.
A profissional também apresentou a série histórica das notificações nos municípios alagoanos e como a questão da subnotificação não deixa conhecer a realidade desse adoecimento, precisando que o Cerest conte com outras formas de investigação da saúde desses trabalhadores.
Os profissionais de saúde também conheceram os fatores de risco psicossocial no trabalho e as atividades laborais de maior risco para a saúde mental, como aquelas que põem a vida em risco, que expõem o trabalhador a algum tipo de violência, lideranças com visão negativa do trabalhador, alto nível de exigência para o alcance de metas, entre outras.
“Entre os principais sintomas de estresse ocupacional estão a dificuldade de concentração, redução de produtividade e desmotivação, irritabilidade e agressividade, tensão física e psíquica e os principais transtornos identificados entre os diversos trabalhadores são os transtornos mentais e comportamentais, síndrome de Burnout, lesões autoprovocadas intencionalmente e sintomas relativos à cognição, percepção, estado emocional e comportamento”, destaca a psicóloga do Cerest, Analinne Maia.
Entre as medidas apontadas para proteger a saúde mental no trabalho estão a identificação de limites pessoais, a prática de técnicas de relaxamento para a redução do estresse e o desenvolvimento de estratégias adequadas de enfrentamento para a resolução dos problemas e, se necessário, contar com um profissional de psicologia. Entre as medidas organizacionais de prevenção estão cuidar do clima e das condições de trabalho, liderar com disciplina positiva e reconhecer a valorizar o bom desempenho.
A importância das notificações
A psicóloga do Cerest, Karoline Félix, abordou com os profissionais sobre a ficha de notificação de transtornos mentais e sua importância para o profissional de saúde.
“Após o atendimento, o paciente preenche com as informações constantes no prontuário e entrega as fichas na Vigilância para que seja feita a notificação, que são dados epidemiológicos que interessam ao município e ao Ministério da Saúde para que com base nessas informações sejam elaboradas políticas públicas de investimento no futuro desses trabalhadores”, explica a psicóloga.
Papel do Cerest nas notificações e acompanhamento de casos
Em Maceió, através das ações dos profissionais do Cerest, o número de notificações de adoecimento mental relacionado ao trabalho, aumentou no período de 2016 a 2019. Com a pandemia, houve uma queda no registro, apesar do grande número de profissionais de saúde com sofrimento mental nesse período.
Diante dessa realidade, com o aumento no número de casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT), o Cerest exerce papel essencial para que se constitua a Rede Nacional em Saúde do Trabalhador (RENAST) no município de Maceió e em mais 27 municípios (1ª, 4ª e 5ª regiões de saúde) da sua área de abrangência.
Os usuários trabalhadores devem ser atendidos na rede de saúde, seja pública ou privada, e os profissionais devem estar atentos para a identificação dos casos, realizando o encaminhamento necessário para a solucionar a causa do adoecimento.
Alguns casos podem ser apoiados tecnicamente através de atendimento da equipe multiprofissional do Cerest Regional Maceió, que recebe os pacientes encaminhados pela rede de saúde, a fim de estabelecer o nexo causal do adoecimento com o trabalho, acompanhando esses casos.
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