CAPS Sadi Carvalho debate violência como causa de adoecimento mental

Atividade discute questão com usuários e entidades

Cássia Oliveira/Ascom SMS 24/05/2023 às 16:15
CAPS Sadi Carvalho debate violência como causa de adoecimento mental
Atividades resgatam a autoestima e recuperam saúde mental dos usuários. Foto: Victor Vercant/Ascom SMS

“Aqui a gente conversa, é tratado como gente, aprende inúmeras atividades, tem direito de viver. O CAPS me tirou do fundo do poço e aqui encontrei uma família”. O relato, feito pela usuária Juraci da Silva, 59 anos, traz à tona aquele que é um dos preceitos fundamentais da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial: a resignificação da vida com o cuidado em liberdade.

Ela, que carrega desde a infância um histórico de violência familiar, além das marcas de um episódio de abuso sexual e das inúmeras frustrações sofridas ao longo da vida, viu seu mundo desabar ao receber o diagnóstico de uma doença que a incapacitava para o trabalho.

“Eu já tinha passado por tantos obstáculos na vida, que perdi o rumo. Após tentar tirar minha vida duas vezes, cheguei no Caps Sadi Carvalho, há 10 anos. O apoio que nunca tive na vida, encontrei aqui. Aprendi a desenhar, bordar, pintar e a transformar meu sofrimento numa força interior. Sou uma nova mulher e feliz”, ressalta Juraci.

Com uma história tão forte,mDona Juraci esteve entre as mulheres que participava, nesta terça-feira (23) da roda de conversa “A Violência contra a Mulher e o Adoecimento Mental”, atividade realizada pelo CAPS Sadi Carvalho (localizado na Chã de Bebedouro) – em parceria com o Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), Rede de Atenção às Vítimas de Violência (RAVVs) e o Instituto de Psicologia da Ufal – para lembrar o Dia Mundial de Luta Antimanicomial, celebrado durante todo este mês.

Criado para lembrar que, como todo cidadão, as pessoas em sofrimento mental têm o direito fundamental à liberdade, a viver em sociedade, além de receber cuidado e tratamento, sem ter que abrir mão de seu lugar de cidadãs, o Movimento da Luta Antimanicomial tem sido importante para reforçar o papel dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na construção de vínculos desses usuários com a sociedade.

“A pandemia da Covid-19 deixou evidente que vivenciamos uma epidemia de saúde mental. Toda pessoa adoecida, precisa ser cuidada e a porta de entrada para esse cuidado tem sido a atenção básica. Por isso, abrimos espaço para o debate dos fatores que levam a esse sofrimento mental”, destaca a gerente administrativa do CAPS, Karla Rocha.

Presente à atividade, a professora e pesquisadora Telma Low, do Instituto de Psicologia da Ufal, reforça que trazer a discussão sobre a violência de gênero para o ambiente do Caps faz todo o sentido, tanto pelos efeitos físicos quanto psicológicos que gera nas vítimas.

“As diferentes formas de violência contra a mulher deve ser discutida em todos os espaços, pois é uma questão de saúde pública. Mas é preciso também investir na formação dos profissionais das várias áreas envolvidas, para que as singularidades de cada pessoa afetada sejam observadas e trabalhadas da forma adequada”, afirma.

SMS

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