Participação popular ajuda na transformação da Praça Lions, na Pajuçara
Artesãs têm trabalhado em conjunto com a Prefeitura de Maceió para tornar o espaço cada dia melhor
A partir de agosto, as artesãs da Praça Lions serão contempladas com a restauração do seu local de trabalho. Os 6.537,66 mil m² de praça – com suas árvores centenárias – estão ganhando pavimentação e mobiliários novos, horta comunitária, academia ao ar livre, espaço pet, playground, redário, reestruturação paisagista e uma moderna área dedicada ao artesanato, graças à autorização da Prefeitura de Maceió. Uma média de 30 mil pessoas serão impactadas com a conclusão dos trabalhos, incluindo as mais de 50 trabalhadoras que tem na Praça Lions seu ganha pão.
As mulheres que lá exercem sua arte - tecendo linhas e traçados - oferecem sua gentileza às pessoas que circulam e ao meio ambiente em que convivem. Já peregrinaram por vários lugares, sofreram a experiência amarga de um incêndio que fatalizou todo o seu trabalho, mas juntas se reergueram e fazem da praça um lugar de humanidades. Chegaram em 2014, ficaram de forma improvisada, só agora terão uma merecida área de comércio.
Zuleide Costa é uma dessas artesãs e produz o ofício há 40 anos. Ela estava com mais 200 mulheres, quando perderam tudo no incêndio das barracas do artesanato Cheiro da Terra, na orla de Jatiúca, em 2005. Ela liderou um movimento, fundaram uma associação e juntas, essas mulheres continuam ligando harmoniosamente os pontos em crochês e bordado, costurando a identidade de Maceió.
“Sabe como é? Se a gente está aqui é porque houve muita luta. Eu estou aqui por consciência, por cidadania, por amor a causa e porque sou artesã verdadeiramente. Ninguém fica aqui, numa luta dessa se não for pensar no outro, na causa coletiva”, diz dona Zuleide.
Lá elas plantam, regam, alimentam os saguins e acolhem os gatos. Dividem o alimento. E se o faturamento de uma das colegas for bom, elas se ajudam com o dinheiro da passagem – é assim desde à época quem faziam pedágio nos semáforos para recuperar o material cremado. E agora participam da elaboração coletiva do projeto paisagista de urbanização da Praça Lions.
O secretário adjunto de Planejamento Urbano, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet), Tácio Rodrigues, defende a prerrogativa do Estatuto das Cidades, que recomenda que todo planejamento do ordenamento territorial urbano seja feito com a participação popular. Segundo ele, esta é uma premissa seguida pelo Município e aplicada nas obras de estruturação da cidade.
“Esse trabalho coletivo é importante para que a população possa fazer parte da gestão e da zeladoria do espaço público em questão. O projeto é feito pela Prefeitura, mas as ideias e propostas são definidas pela população”, explicou o secretário.
Uma das reivindicações das artistas locais foi a construção de uma grande mesa, onde elas possam oferecer oficinas e compartilharem seus saberes a população. Além disso, cada árvore da praça será adotada por três artesãs - todas elas têm nome e agora ganharão uma estética peculiar, pelas mãos das rendeiras.
“Sabe como é a história!? Aqui a gente se preocupa em acolher as pessoas. E nós vamos passar o nosso conhecimento adiante, ensinar todas as técnicas que a gente sabe como o filé, fuxico, crochê no prego, renascença... Tudo de forma gratuita”, explica Zuleide.
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