Município capacita bares e restaurantes para combate ao assédio sexual
Funcionários de empresas do setor receberam um treinamento nesta terça-feira (17) para coibir a prática
Superando mais uma etapa no combate ao assédio sexual, o Gabinete de Políticas Públicas para as Mulheres, da Prefeitura de Maceió, promoveu uma capacitação para funcionários de bares, restaurantes e similares visando à proteção do público feminino que frequenta estes estabelecimentos. A ação aconteceu na tarde desta terça-feira (17), no Maikai, integrando a programação da campanha Maceió Sem Assédio.
Um conjunto de medidas para garantir a segurança das mulheres foi apresentado durante o encontro. O delegado da Polícia Civil, Thiago Prado, que foi secretário municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social, e a promotora de justiça Karla Padilha, do Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de Alagoas (MPAL), foram convidados para a capacitação.
Os dois, junto com uma assistente social que atende na Casa da Mulher Alagoana, deram as instruções sobre os tipos de crimes sexuais que podem ser praticados, as ações penais com este tipo de conotação que tramitam na Justiça, cujas vítimas são mulheres e a maneira como se deve acolhê-las no dia a dia.
Além das palestras, exemplos de como o assédio e a importunação sexual acontecem no cotidiano foram dramatizados por atores de uma companhia de teatro de Maceió e discutidos com base em casos reais noticiados na imprensa. Tudo para facilitar a compreensão da gravidade do problema.
A coordenadora do Gabinete da Mulher, Ana Paula Mendes, explicou que este é um passo importante do projeto para assegurar que os funcionários dos bares, casas de shows, de eventos, restaurantes e estabelecimentos similares na capital ajudem àquelas que se sentirem incomodadas por um possível violentador nestes locais. Serão os trabalhadores capacitados que passarão adiante o método mais seguro para o acolhimento adequado destas mulheres.
“Precisamos dar um tratamento humanizado para acolher a vítima e, assim, coibir o assédio em locais públicos, evitando transgressões e fortalecendo as frentes de proteção às mulheres, além de garantir informação adequada. É preciso que, nos bares, restaurantes e similares, a mulher que sofra algum tipo de assédio, importunação sexual ou outro tipo de violência, sinta-se segura para se dirigir até o balcão e pedir ajuda. O estabelecimento dará, neste momento, a assistência necessária para a proteção”, afirmou Ana Paula Mendes.
Ao mencionar dados do Fórum Nacional de Segurança Pública, ela lamenta o fato de Alagoas ocupar o primeiro lugar na lista de feminicídios contra negras no Brasil e o primeiro do Nordeste em mortes violentas de mulheres. “São por estes motivos que desenvolvemos este projeto e contamos com o apoio da Abrasel [Associação Brasileira de Bares e Restaurantes] para combater este mal na sociedade. Nós, mulheres, devemos ser respeitadas porque somos mulheres e, infelizmente, o respeito tem falhado muito”, alertou a coordenadora.
Para o delegado Thiago Prado, as mulheres precisam ser orientadas aos tipos de crime que possam sofrer, saber como denunciá-los e conhecer a rede de proteção. Ele também defendeu o funcionamento da Delegacia da Mulher durante 24 horas, um pleito antigo da sociedade para o acolhimento adequado às vítimas de violência.
“Estamos avançando bastante, debatendo mais sobre um tema que, às vezes, incomoda os homens, para garantir o respeito às mulheres, que sempre serão o pilar da sociedade”, declarou Prado.
O gerente da pizzaria Santorégano, Adriano dos Santos Moraes, disse que o aprendizado do encontro será repassado aos colaboradores em uma reunião. Segundo ele, é importante que todos da empresa saibam lidar contra o assédio sexual.
“Vamos garantir que as mulheres se sintam seguras, importantes e não sofram assédio. Sabemos que, no mercado de trabalho, está crescendo cada vez mais a presença do público feminino nos bares e restaurantes, e, por isso, estamos aqui para agir”, destacou.
Já a funcionária da Rota 82 Burgueria, Dayane Costa, considerou a capacitação fundamental. Ela revela que já foi vítima de assédio e presenciou vários com colegas e clientes. “Nunca reagi temendo perder o cliente ou por travar mesmo. Muitas vezes, não temos nem a noção do que está realmente acontecendo. O evento aqui foi importante para que a gente compreenda a realidade e aja”.
O próximo passo do Maceió Sem Assédio é ganhar as ruas para informar a população sobre esta prática nefasta. Nesta semana e na próxima, as equipes da Prefeitura estarão distribuindo panfletos do projeto em estabelecimentos comerciais, centros de compras e no trânsito. Quando esta etapa for superada, a prefeitura vai aos bares, restaurantes e similares para conferir o reflexo da campanha e entregar um selo às empresas que garantirem a segurança das mulheres.
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