A V Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres foi realizada nesta sexta-feira (25), no auditório do SENAI, no bairro do Poço. O evento foi promovido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Codim), em parceria com a Prefeitura de Maceió, reunindo representantes da sociedade civil, poder público e movimentos sociais.

Com o tema “Garantias e Avanços de Direitos das Mulheres: Mais  Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para todas ”, a conferência teve como objetivo discutir o fortalecimento da autonomia econômica, social, cultural e política das mulheres maceioenses, além de propor estratégias para a efetivação de políticas públicas mais justas e inclusivas.

Segundo Mariana Alves, que comanda a Coordenação de Enfrentamento à Violência e Acolhimento às Mulheres da Secretaria Municipal da Mulher, Pessoas com Deficiência, Idosos e Cidadania de Maceió(Semuc), a programação começou com a exibição de um documentário que retrata a história real de Claudinete, uma mulher vítima de violência doméstica que, após um período grave de dependência total, reconquistou parcialmente seus movimentos e hoje é cadeirante.

“Claudinete é um símbolo de resistência. A história dela é um exemplo de superação e de luta. Após o documentário, fizemos uma homenagem a ela, reconhecendo sua força”, destacou Mariana.

Ainda segundo Mariana, a programação incluiu a leitura do regimento interno da conferência, a mesa de abertura com autoridades locais, e uma palestra com a professora Maria Aparecida, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), especialista em gênero e políticas públicas. No período da tarde, os participantes se dividiram para discutir os quatro eixos temáticos propostos, encerrando com uma plenária final para aprovação de propostas.

A subsecretária do Gabinete de Políticas Públicas para as Mulheres, Letícia Siqueira, destacou que a conferência marca a retomada desse espaço de participação social, após 11 anos sem realização.

“Estamos aqui para debater políticas públicas para as mulheres e discutir os espaços que elas devem ocupar na sociedade. Os eixos abordam temas fundamentais como enfrentamento à violência, economia, diversidade, racismo e educação”, afirmou.

Ela explicou que os debates envolvem temas como violência antirracista, economia criativa, autonomia financeira e empreendedorismo feminino, apontando caminhos para romper o ciclo da violência. “Vamos tratar da violência contra a mulher e pensar soluções reais, como o empreendedorismo, que dá independência e abre novos horizontes”, acrescentou.

Letícia também destacou dados recentes que mostram um aumento de 32% no número de medidas protetivas em Maceió.

“Ao mesmo tempo que o dado preocupa, também revela que as mulheres estão buscando os canais de denúncia, estão se encorajando a se proteger”, disse. Ela citou a Sala Lilás nos hospitais e a Delegacia da Mulher da Mangabeiras como estruturas importantes, além da central de denúncias Disque 180.

Na área da autonomia econômica, Letícia apresentou os programas Emprega Mulher, que oferta cursos profissionalizantes, e o Banco da Mulher, que já beneficiou mais de 4 mil empreendedoras em Maceió. Um novo edital com mil vagas será lançado em agosto.

A presidente do Codim, Wilma  Costa, reforçou o esforço coletivo para realizar a conferência em tempo recorde, com 150 mulheres inscritas.

“Estamos discutindo autoestima, educação, capacitação, cuidado com os filhos e enfrentamento à violência. É fundamental que as mulheres estejam presentes para construir, com voz e protagonismo, as políticas públicas que desejam.”

A conferência foi estruturada a partir de quatro eixos temáticos, que nortearam os grupos de trabalho:

1. A Política Nacional para as Mulheres – Avanços, desafios e o papel do Estado na gestão das políticas públicas voltadas para as mulheres;

2. O Sistema Nacional de Políticas para as Mulheres – Propostas de estrutura, instrumentos de gestão, formação, regulamentação e estratégias de implementação do sistema;

3. Políticas Públicas Temáticas para as Mulheres – Enfrentamento às violências, saúde integral, trabalho e autonomia econômica, participação nos espaços de poder e decisão, além da educação para a igualdade e diversidade;

4. Os Conselhos de Direitos – O papel dessas instâncias no controle social e na implementação efetiva das políticas públicas para mulheres.