Ação da Prefeitura de Maceió leva conscientização sobre violência contra a mulher às escolas

Os estudantes da Escola Municipal Zumbi dos Palmares, no Clima Bom, participaram de um momento que foi além das aulas tradicionais, nesta sexta-feira (08). Com escuta, aprendizado e reflexão, a escola recebeu a ação “Ela poderia estar aqui”, promovida pela Secretaria Municipal da Mulher, Pessoas com Deficiência, Idosos e Cidadania (Semuc), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed).

A atividade faz parte da campanha Agosto Lilás, da Semuc, dedicada à luta contra a violência doméstica e o feminicídio e será realizada durante todo o mês nas escolas municipais. No ambiente escolar, o projeto tem como foco plantar uma semente de conscientização desde cedo, atingindo não só os alunos, mas toda a comunidade.

Ao entrar nas salas de aula, os estudantes se depararam com uma cadeira vazia, adesivada com a frase: “Ela poderia estar aqui, mas o feminicídio calou seus sonhos.”. A cadeira permanecerá no local até o fim do ano letivo, como um lembrete permanente de quantas vidas femininas foram interrompidas por atos de violência.

De acordo com a secretária da Semuc, Sarah Nunes, reforçou a importância da iniciativa e destacou que o ato simbólico pretende criar empatia e mostrar que esse tipo de violência pode acontecer em qualquer realidade, inclusive nas famílias dos próprios alunos.

“Essa ação não é só para os alunos, mas para toda a comunidade escolar. Muitas vezes, os jovens são os primeiros a perceber ou até vivenciar situações de violência. A ideia é fazer com que essas crianças e adolescentes compreendam o peso dessa realidade e saibam identificar os sinais, entender que violência não é só física. Pode ser psicológica, financeira.. muitas vezes silenciosa, mas igualmente cruel. A gente quer que eles entendam desde cedo o que é violência, onde procurar ajuda e, principalmente, que saibam que não estão sozinhos”,disse.

Além das ações de  conscientização, a Prefeitura de Maceió também oferece apoio real às vítimas. “Temos projetos como o Aluguel Maria da Penha, o Banco da Mulher Empreendedora, além do direito à moradia garantido por lei municipal. É um trabalho completo de acolhimento, proteção e reconstrução de vidas”, explicou Sarah.

Durante o evento, as equipes conversaram com os estudantes sobre o que é violência contra a mulher, como identificar os sinais e onde buscar ajuda. Para reforçar a mensagem, foi exibido o documentário “Claudinete”, que retrata a vida de uma mulher alagoana vítima de violência doméstica.

Para o diretor da escola, Francisco Nivaldo, o impacto é direto na vida dos estudantes. “Nossa escola está em uma região onde os casos de violência são frequentes. Temos relatos de crianças que vivem situações difíceis dentro de casa, mas não sabem a quem recorrer. Essa ação ajuda a quebrar esse silêncio e dar cada vez mais força para que eles não tenham medo”, contou.

A técnica pedagógica Sandra Helena reforçou que a escola é muitas vezes o único espaço onde essas crianças encontram apoio. “Às vezes, é com a professora, com a coordenadora ou até com a merendeira que essa criança desabafa. E se a escola não estiver preparada, ela se cala. Essa parceria com a Semuc mostra que estamos atentos e dispostos a ouvir. A criança pode não entender tudo agora, mas já começa a criar consciência. Isso pode ser o que salva uma vida no futuro”, contou.

Para Ademir Oliveira, diretor de Gestão Pedagógica da Semed, falar sobre feminicídio com crianças e adolescentes é essencial para a formação de uma sociedade mais justa. “Educação não é só ensinar matemática e português. É formar cidadãos. Quando trazemos esses assuntos para dentro da escola, mostramos aos alunos que eles têm o direito de viver em paz, em segurança e com dignidade”, disse.

A ação não ficará restrita a uma única escola ou ao mês de agosto, o objetivo é levar o projeto para todas as escolas da rede municipal, incluindo turmas de adultos e idosos da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI). A parceria com a Semed permitirá que mais estudantes tenham acesso à informação e saibam como agir em caso de violência.

“Essa é uma missão contínua. A violência não escolhe idade, então a prevenção também não pode esperar. Vamos continuar esse trabalho o ano inteiro, porque cada aluno que entende o que é respeito pode ser um agente de mudança dentro da própria casa”, afirmou a secretária Sarah Nunes.

Canais de apoio e acolhimento

A Prefeitura de Maceió também oferece diversos meios de acolhimento e suporte para mulheres vítimas de violência. Além do Disque 181, canal nacional de denúncia, a Semuc disponibiliza atendimento via WhatsApp e orientação sobre programas como o Aluguel Maria da Penha e o Banco da Mulher Empreendedora, que garantem apoio psicológico, assistencial e autonomia financeira para que essas mulheres consigam recomeçar.

Fotos: Beto Macário / Secom Maceió