"Trazemos o Setembro Amarelo para uma vivência contínua, não é apenas o mês em si', pontua psicóloga da rede municipal de ensino sobre campanha
Psicólogas falam sobre a relevância do mês de prevenção do suicídio nas escolas
A rede pública de ensino tem feito um trabalho intenso durante a campanha Setembro Amarelo. O objetivo é sensibilizar os estudantes das escolas municipais de Maceió sobre a prevenção ao suicídio e sobre as questões que envolvem a preservação da saúde mental.
As ações vão muito além das iniciativas realizadas no mês de setembro. Na Escola Dr. José Haroldo da Costa, no Jacintinho, os cuidados com a saúde mental são evidenciados por meio de atendimentos psicológicos pelo setor de Psicologia Escolar e Educacional, na pessoa da psicóloga Fátima Pereira.
Fátima tem abraçado a escola com zelo desde fevereiro de 2022, após o Processo Seletivo Simplificado (PSS) realizado pela Prefeitura de Maceió.
Fátima vem fazendo esse trabalho de escuta sempre a sós com o estudante, em uma sala especial, ou por meio de projetos e ações coletivas como a Feira de Profissões, para estimular e incentivar essa perspectiva de vida que, segundo a profissional, é uma das causas da procura por atendimento na unidade. Dinâmicas de troca de mensagens também são realizadas com os alunos, como uma forma de integralização e socialização afetiva durante o ano de estudo.
Segundo a profissional, em média, são realizados dez atendimentos por dia, com encontros nas segundas, terças, quartas e sextas.
“O psicólogo trabalha em equipe em prol da aprendizagem e saúde mental dos alunos. A gente traz o Setembro Amarelo para uma vivência contínua, não é apenas o mês em si. Essa ação é contínua, porque a ansiedade é a doença do século”, destacou Fátima.
A profissional também falou sobre os atendimentos que são feitos quando os professores percebem o que tem acontecido com o aluno em sala de aula e o encaminham para ela, como também de forma espontânea, ou seja, os próprios alunos a procuram. Em casos mais graves, a escola liga para a família, informa sobre o que está acontecendo e, juntos, são levados ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), onde o estudante recebe suporte emocional e psiquiátrico.
“Não é só em setembro que a gente deve falar sobre saúde mental”
Em Maceió, a Secretaria Municipal de Educação contratou, por meio do PSS, 60 psicólogos e 77 assistentes sociais, que estão distribuídos na rede de ensino.
Tendo em vista a importância dessa rede de apoio ao estudante e aos servidores da rede, a Semed criou, em 2023, a Coordenação Técnica de Educação Socioemocional, que conta com uma equipe formada por 11 profissionais de Psicologia e Serviço Social. O setor é responsável por mediar e acompanhar os trabalhos realizados pelos psicólogos e assistentes sociais nas escolas, como também criar iniciativas que possam ser desenvolvidas por esses profissionais no coletivo.
Apesar de ser um mês voltado especialmente para esses assuntos, Walkíria Souza, psicóloga escolar da Semed, acredita que não é apenas no Setembro Amarelo que se deve continuar desenvolvendo ações sobre saúde mental. Para ela, o mês é importante, pois fala um pouco mais do suicídio e tenta desmistificar o tema, mas é necessário que os trabalhos sejam feitos ao longo do ano, continuamente.
“A gente tem pensando nessa perspectiva de conversar mesmo, trazer informações sobre o que tem se pesquisado sobre isso no campo da saúde, também ações que voltem para a valorização da vida. Mas, não é só em setembro que a gente faz essas ações, não é só em setembro que a gente deve falar sobre saúde mental. Mas, deve ser feito ao longo do ano com ações pensadas a partir das demandas da escola, a partir das características da comunidade escolar”, pontuou a psicóloga.
Walkíria também falou sobre a pandemia de Covid-19. Segundo a profissional, o período trouxe uma preocupação maior com a saúde mental de todos. “A escola foi uma grande prejudicada. Os estudantes ficaram longe do espaço escolar durante muito tempo. Então houve uma perda desse espaço que é tão rico de produção de conhecimento, de desenvolvimento socioemocional, intelectual. Porém, com a recomposição da aprendizagem junto com o psicólogo, é possível contribuir para que esse aluno consiga no desenvolvimento das atividades regulares”.
Ainda de acordo com ela, um ambiente escolar acolhedor e confortável propicia uma maior desenvoltura na aprendizagem.
“A gente não tem como separar a aprendizagem das emoções, da saúde mental, da aprendizagem, do sentimento. Então a gente promove espaços de abertura, de fala, de colocar as nossas angústias, anseios, para fora. A escola é também um lugar que traz isso, os estudantes passam boa parte da vida nesses locais. A gente entende que o estudante aprende melhor quando ele está um ambiente acolhedor, que promove conforto, ambiente mais saudável, um ambiente que escuta”, explicou Walkíria.
De acordo com Alba Mércia Ferreira, assistente social há 18 anos na Semed, o trabalho em conjunto é o que prevalece na rede ao longo do ano. Ela enfatizou que o professor também tem um papel importante em sala de aula porque lida diretamente com o aluno e que, por isso, tem mais facilidade de identificar os comportamentos no ambiente.
“Esse é um trabalho feito o ano todo. Demandas existem em relação a isso, então o aluno é acompanhado devido a muitas situações que são diagnosticadas pelo professor, que tem um papel importante em sala de aula porque lida diretamente com o aluno. O assistente social está sempre junto nesse acompanhamento. Existe também a equipe diretiva que tem que tá sempre atenta a essa situação. É um momento chave porque chama a atenção da comunidade, mas o ano todo fazemos esse trabalho”, disse a assistente social.
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