Professores têm momentos de troca e diálogo durante mostra da Educação Infantil
CMEIs puderam apresentar as ações que realizam junto às crianças e aprofundarem discussões e conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil
Professores de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) da capital puderam apresentar e dialogar sobre seus projetos pedagógicos e sobre as vivências da infância de suas unidades de ensino na terça-feira (5) e nesta quarta-feira (6), durante a I Mostra das Culturas Infantis de Maceió. A programação, que ocorre no auditório do Ritz Lagoa da Anta, inclui também palestras e apresentações de trabalhos acadêmicos.
Ao todo, 18 CMEIs marcaram presença na Mostra com estandes, mostrando imagens de suas atividades e objetos usados nas brincadeiras e aprendizados das crianças. A coordenadora da Educação Infantil da rede, doutora Patrícia Siqueira, diz que a exposição é uma oportunidade que as instituições têm de compartilharem e divulgarem seus trabalhos.
“Elas apresentam por meio de fotos, banners, os materiais que elas constroem e usam para trabalhar com as crianças em sala. Além de proporcionar esse momento de troca estamos mostrando, a todos, o que é para a criança aprender e se desenvolver para a criança na Educação Infantil”, diz.
No momento de retorno presencial após a pandemia, a Mostra se torna ainda mais importante, defende Patrícia. “Sabemos que não existe Educação Infantil à distância, mas as professoras se reinventaram e fizeram aquilo que elas puderam. O evento também é um marco para o retorno do presencial”, detalha a coordenadora.
Nos estandes de exposição dos professores, predominava o espírito de empolgação com a volta às aulas e com a oportunidade de reencontrar com os colegas e trocar experiências e metodologias de ensino.
Para o CMEI Ana Carolina Galina Ferreira Santiago, da Cidade Universitária, a Mostra foi uma oportunidade de mostrar a ação realizada junto aos pais para aumentar a aceitação das frutas pelas crianças. Lá, as crianças vêm sendo introduzidas às frutas e verduras por meio de experiências com os alimentos para além da comida preparada.
Kelly Ferreira Sobral, professora da Educação Infantil na unidade escolar, diz que crianças que não costumavam comer brócolis ou melões passaram a aceitar os alimentos mais facilmente depois de terem um contato lúdico com os alimentos. “A ideia foi alinhar o cardápio da nossa escola com as experiências das crianças dentro da sala. As crianças queriam furar o melão, algumas se assustaram com as sementes, que não sabiam que a fruta tinha. Depois de explorar bem, houve uma aceitação”, conta.
Em comum, todas as professoras destacaram a importância da participação dos pais no processo de aprendizagem das crianças e a relevância da Mostra em demonstrar a importância da Educação Infantil. Elisangela de Souza França, coordenadora pedagógica do CMEI Dulcinete Barros Alves, localizado no Antares, diz que os professores precisavam desse momento.
“Precisamos validar nosso trabalho, as pessoas ainda têm muita dúvida sobre o que é a Educação Infantil de fato. É necessário botar esses trabalhos para fora das paredes do CMEI, para que mais pessoas conheçam esse trabalho”, afirma.
Elisangela pontua que há uma ideia de que professores da etapa são cuidadores de crianças. “Na verdade, somos pesquisadores de infâncias”, defende. Ela apresentou ao público e aos seus colegas de profissão as atividades realizadas no CMEI, como o chá literário, que busca incentivar a leitura e o exercício da imaginação das crianças em um momento lúdico.
A conexão com a cultura local também é uma preocupação dos pedagogos da Educação Infantil. Na Escola Municipal Doutor Pompeu Sarmento, que fica no Barro Duro e também atende a Educação Infantil, as crianças participam de grupos de Guerreiro, Coco de Roda, Pastoril, Reizado e outras manifestações culturais tipicamente alagoanas e nordestinas, fazendo uso de figurino adequado e aprendendo sobre as raízes de seu povo.
Ana Cristina Souza, coordenadora pedagógica da escola, relembra que a legislação que norteia as práticas da educação brasileira defende que as crianças são sujeitos produtores de cultura. “Os nossos ritmos, a nossa estética visual, nossos mestres e riqueza identitária devem ser parte do nosso currículo escolar”, pontua. “Desde que inauguramos, em 2017, essas atividades são parte do nosso cotidiano”.
“Desemparedar” a primeira infância
A I Mostra das Culturas Infantis de Maceió se encerrou com uma palestra da pesquisadora Regina Shudo, de Curitiba. Ela conversou com os presentes sobre o que chama de “desemparedamento” da Educação Infantil, que envolve incentivar as crianças a descobrirem o mundo e interagirem com ele.
“Com a pandemia, as crianças ficaram muito emparedadas em casa. Diante do uso de tela, muito tempo dentro de casa. Agora é o momento de as escolas desemparedarem as crianças, para que desenvolvam melhor a coordenação motora global, a área cognitiva, emocional. Significa colocar as crianças mais próximas e em contato com a natureza”, coloca a pesquisadora.
Ela relembra que a primeira infância, dos 0 aos 6 anos, é o momento mais importante para o desenvolvimento não só da infância, mas para toda a vida do ser humano. “Um evento como esse é fundamental. Ele dá visibilidade ao trabalho que é feito nos CMEIs, reunindo artigos científicos e relatos”, avalia Regina. “Esses 18 meses impactaram muito no desenvolvimento das crianças, e voltar à sala de aula é preciso”.
Luan Oliveira (estagiário) / Ascom Semed
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