Mês da Consciência Negra: estudantes realizam visita ao Quilombo dos Palmares
Objetivo da atividade foi fazer com que os alunos vivenciassem os locais onde os negros escravizados moravam durante o século XVII
Na última terça-feira (29), estudantes do 5º ano da Escola Muncipal Higino Belo, localizada no bairro Farol, foram levados a um dos maiores patrimônios culturais brasileiros e símbolo da resistência negra no país, o Quilombo dos Palmares. O local, que fica na região da Serra da Barriga, em União dos Palmares, foi o refúgio e a terra de grandes lutas contra a escravidão no século XVII.
O objetivo da ida dos estudantes foi conhecer de perto os pontos mais pesquisados em sala de aula, em homenagem ao mês da Consciência Negra. A ação foi proposta pela escola, como também foi uma culminância da semana de oficinas em que foi trabalhada a temática do Quilombo dos Palmares e o percurso ancestral que os negros escravizados fizeram para se fixarem nas terras de União. A semana de oficinas ocorreu na própria unidade escolar.
Durante as oficinas, alguns estudantes deram depoimentos sobre suas próprias experiências e participaram de dinâmicas envolvendo a consciência antirracista. No Quilombo, eles puderam trabalhar a história de Zumbi dos Palmares, visitar os locais de vivências dos negros escravizados, como a casa de farinha, espaços sagrados de religião africana, o restaurante (que representa o espaço onde os escravos se alimentavam), o mirante, as atalaias, entre outros.
Houve também um momento de perguntas sobre as ocas que ali foram construídas, ambientes onde indígenas também se refugiavam, o tempo que o local tem de existência, os remanescentes dessa população escravizada (os quilombolas) e as características de todo o ambiente, que é localizado em grandes altitudes. A curiosidade tomou conta dos estudantes.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Diversidade Étnico-Racial (NEDER) da Semed, Ednilza Cabral, que também estava acompanhando a turma de 20 alunos, a discussão e a vivência sobre a temática são necessárias para que todos entendam a luta desses povos por equidade, direito e igualdade.
"Não basta só dizer que não é racista ou não pratica racismo, o racismo existe cotidianamente, até na escola, então a escola tem esse papel urgente e necessário de trabalhar o antirracismo, o combate ao preconceito. Somos agentes de transformação, de formação. O combate ao racismo tem que ser trabalhado nos pequenos detalhes e também na prática, levando esses estudantes à origem de tudo. É um trabalho constante, não só no mês de novembro", ressaltou Ednilza.
Ida da comunidade escolar à Serra da Barriga
Não só foram os estudantes que tiveram essa oportunidade, mas também os professores, diretores e toda a comunidade escolar da creche Maria José de Oliveira, localizado no Benedito Bentes. Eles visitaram o Quilombo dos Palmares no dia 11 de novembro deste ano e conheceram, na prática, a luta dos negros escravizados e suas vivências.
Ainda segundo a coordenadora, o próprio pessoal da creche solicitou à Semed essa ida ao local para terem a Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) em um espaço diferente da sala de aula.
"Como era o mês de novembro e nele é trabalhado a temática da consciência negra, a creche fez a proposta de irmos até lá fazer essa visita. Eles tiveram um contato mais próximo com o patrimônio cultural, além do que viram na teoria, em livros", explicou Ednilza.
A solicitação para ir até o Quilombo dos Palmares pode ser feita por qualquer unidade escolar. Essa ação é ofertada desde 2005 pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) e faz com que a comunidade trabalhe ainda mais a temática no cotidiano escolar. Durante a reunião, foram discutidos o currículo escolar, o trabalho coletivo, questões de diversidade, entre outros assuntos.
Para Ednilza Cabral, discutir esses temas e fazer com que os professores vivenciem o ambiente de resistência negra é fundamental, pois ensina à criança a desenvolver seu lado social e consciente.
"A temática da diversidade étnico-racial tem que estar no cotidiano da escola, não só em dias, meses esporádicos. Porque a criança em si não é preconceituosa, não é racista, porém ela traz para o espaço escolar o que é ensinado ou perpassado pela família. Uma criança acaba discriminando outra porque ela repassa aquilo que absorve, então é necessário trabalhar o tema porque elas vão crescendo e multiplicando o conhecimento", concluiu a coordenadora.
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