Estudantes da rede municipal participam de oficina e concurso de poesia
Oficina foi contrapartida de produtores ao edital emergencial da Lei Aldir Blanc, da Fmac; mostra de cinema alagoano também fez parte da iniciativa
A poesia tomou conta da Escola Municipal José Haroldo da Costa no mês de junho, com uma oficina e concurso para incentivar os estudantes do 9º ano a se expressarem por meio de versos. A iniciativa foi coordenada por Alessandra Moretti, da produtora Céu Vermelho Fogo, e Lucas Litrento, como contrapartida do edital emergencial da Lei Aldir Blanc da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac).
Alessandra, ou Alê, como é conhecida, diz que seus laços com a escola José Haroldo datam da infância. “Eu moro no Salvador Lyra e estudei no Haroldo quando criança”, conta. “Apresentei um projeto em 2018 à coordenação e a direção, e eles aceitaram que a gente executasse lá um curso de teatro com os estudantes. Desde então a gente ficou mantendo essa relação. É muito bom que a escola ainda mantém as portas abertas”.
O curso de 2018 rendeu dois curtas: No Outro Dia e Coração Sem Freio, que foram apresentados na Mostra Sururu daquele ano, um deles premiados. Na época, Alessandra era parte do Instituto Ação de Desenvolvimento para a Cidadania (IADEC). Agora, ela é sócia da produtora Céu Vermelho Fogo, que junto da Litrento Filmes executou o curso de poesia e fez uma mostra de filmes para os estudantes.
A oficina de poesia consistiu em quatro aulas de duas horas, lecionadas de forma remota por Lucas Litrento, Jean Albuquerque e Janderson Felipe. “Explicamos e apresentamos de uma forma mais moderna, trazendo diálogos da poesia com a música, da poesia com rap e cinema. Sempre trazendo exercícios práticos e mostrando poesia clássica e poesia contemporânea, um repertório legal”, diz Litrento.
Os alunos que participaram puderam se inscrever no concurso final, que premiou todos os 10 participantes com kits de livros e um certificado. Os três primeiros colocados, além do kit e certificado, receberam um prêmio em dinheiro. “Premiamos com um livro de poemas da Conceição Evaristo, outro do Manuel de Barros e o meu livro de contos, o Txow”, explica o escritor. “Em pouco tempo eles já se mostraram interessados, muitos não tinham computador e liam pelo celular, outros dividiam com o irmão”.
Mateus Emanuel foi o primeiro colocado do concurso de poesia, e afirma que as aulas foram muito proveitosas. Ele também elogiou a atenção dos professores. “A oficina foi simplesmente muito boa, os professores tiravam todas as nossas dúvidas e nos ajudavam muito a entender o assunto e compor nossas obras”, diz o campeão.
O poema vencedor discutia temas de ingratidão e traição, equivalendo o ‘eu lírico e os que o cercavam a ratos’. “Eu sofri por eles e eles mentiram para mim / me apunhalaram pelas costas / me tratam como lixo como bicho / e por isso que me chamam de Rei dos Ratos”.
Segunda colocada, Rayssa Lima quer ser escritora, e diz que a oficina lhe deu um impulso que estava fazendo falta. “Aprendi e foquei mais ainda em escrever, pois tinha parado um bom tempo”, conta. “As aulas foram didáticas e os professores sempre tiravam nossas dúvidas”.
O poema de Rayssa falou sobre situações que a fazem mal, e comparou o sentimento de ansiedade com o fogo, que se espalha rápido e doloroso. “Como fogo queimando por dentro / O Sol está dentro de mim / Não me iluminando, mas corroendo”.
Cinema na escola
Além da oficina de poesia e concurso, também foram selecionados e disponibilizados filmes e curtas metragens alagoanos para os estudantes pela Céu Vermelho Fogo. “Foram quatro sessões de filmes, e a cada semana a gente realizava uma live com os realizadores dos filmes mediadas pelo professor José Maria Junior, da própria Haroldo da Costa. Os alunos participavam enviando perguntas para os realizadores dos filmes”, conta Alessandra.
“Se o caranguejo cavou sua morada no solo do mangue, intitular essa mostra com o seu nome é da vontade de que nossos jovens possam fazer morada (mesmo que por alguns instantes) nas imagens de filmes produzidos no estado”, assina a descrição da mostra nas redes sociais. Mais ampla, a mostra de cinema envolveu mais escolas além da Haroldo da Costa, e foi aberta para o público em geral.
A seleção dos filmes foi feita por Ulisses Arthur, realizador de cinema e sócio da Céu Vermelho Fogo. As sessões da mostra foram divididas em temáticas, com a última, “A Escola faz Cinema”, sendo composta pelos filmes realizados em 2018 com os estudantes da Haroldo da Costa. “É uma ótima iniciativa, principalmente nas escolas, porque abre mais o caminho para as artes”, avalia a estudante Rayssa Lima, que participou também da mostra.
Luan Oliveira (Estagiário) / Ascom Semed
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