Escola promove cultura afro-brasileira na semana da Consciência Negra

Com o tema “Construindo uma escola antirracista” alunos da Escola Municipal Zumbi dos Palmares participam de vários projetos

Emanuella Lima/Ascom Semed 25/11/2023 às 09:10
Escola promove cultura afro-brasileira na semana da Consciência Negra
Grupo “Nega da Costa”, folguedo tradicional da Escola Zumbi dos Palmares. Foto: Mariel Mathias/Ascom Semed

Estudantes da Escola Municipal Zumbi dos Palmares, no Clima Bom, se engajam durante este mês de novembro em atividades culturais afro-brasileiras como parte da construção de uma Educação antirracista. Durante o mês da Consciência Negra, a escola promove projetos que celebram a cultura afro-brasileira e afro-indígena, culminando em um evento especial.

Tendo o líder quilombola como mártir da ancestralidade da escola, professores e toda comunidade escolar incrementaram o mês da Consciência Negra com projetos que são realizados dentro da própria unidade de ensino. 

“Ao longo de todo ano, realizamos atividades voltadas para a cultura afro-brasileira e afro-indígena e a culminância acontece no mês de Novembro, que é o Mês da Consciência Negra. No último dia do evento, os alunos do 6º ao 9º ano puderam participar com o grupo de dança afro e também com o folclore tradicional da escola que é o ‘Nêga da Costa’”, explicou o diretor da Escola, Francisco Nivaldo.

O grupo “Nêga da Costa" é uma tradição local fundada por professores da própria escola em 2008. Essa dança cortejo, sem enredo ou drama, representa um folclore composto por homens vestidos como baianas, tocando instrumentos como bombo, caixa, ganzás e reco-reco. As músicas, geralmente formadas por quadrinhas, são cantadas repetidamente por todo o grupo.

Wanderson dos Reis, puxador do enredo, compartilha que sua curiosidade o levou a participar do "Nêga da Costa". “Faço parte do Nêga da Costa desde a época que estudava aqui nesta escola. Comecei pequeno e fui querendo participar mais, até que fui me desenvolvendo e passei a ocupar os lugares da frente da dança. Mas, somente em 2013, me tornei puxador e nós não queremos que esse folclore morra nunca”, compartilhou.

O aluno do 9º ano, Guilherme Lemos, 14 anos, conta como é fazer parte do grupo. “Esse já é meu segundo ano no ‘Nêga da Costa’ e eu acho muito importante trazer essa dança, que conta uma história da escravidão e fala sobre a liberdade das escravas”, afirmou o estudante.

Para Luiz Carlos, assistente administrativo da escola e participante do grupo, as ações realizadas na unidade de ensino são muito importantes para despertar o interesse pela cultura afro-brasileira e afro-indígena nos alunos.  “A escola Zumbi dos Palmares já carrega por si só um nome de peso, de um líder que lutou no quilombo, ao lado de Ganga Zumba, Akotirene e Aqualtune. Esse projeto tem como objetivo despertar nos alunos a vontade de conhecer a cultura afro-brasileira e afro-indígena, não somente através das aulas, mas também das apresentações culturais, como as danças primitivas e o Nêga da Costa”, ressaltou o assistente. 

Conhecendo o “Nêga da Costa”

O "Nêga da Costa" é um folguedo que remonta a história dos negros escravizados trazidos da África para o Brasil. Após um dia de trabalho pesado nas fazendas de café, os escravos se reuniam para aliviar suas dores, matar a saudade de seus entes queridos e cultuar seus deuses através de danças e cânticos. Para evitar que suas mulheres e filhas fossem levadas pelos senhores, os homens escravos se vestiam de mulheres durante as danças nas senzalas. O grupo se apresenta em várias cidades de Alagoas e parte do Nordeste, sendo um destaque na Festa da Cultura em Quebrangulo, sua terra natal.

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