Educação explica processo da merenda escolar com mais de 55 mil alunos beneficiados
Setor de Nutrição da Semed fala sobre cada etapa dos alimentos adquiridos que promovem a educação alimentar; do planejamento e criação do cardápio à distribuição dos produtos no prato dos alunos
Feijão, arroz, frango, um pãozinho com queijo, com suco de laranja, acompanhado de uma fatia de melancia ou de melão. Alimentos que enchem os olhos dos estudantes e proporcionam uma aprendizagem sadia. A dieta é bastante balanceada e rica em proteínas, ferro, frutas, verduras e hortaliças, ainda ajuda a desenvolver hábitos alimentares saudáveis.
Pensando nesses fatores de segurança nutricional e educação alimentar, a Secretaria Municipal de Maceió (Semed) utiliza todos os recursos necessários para construir cardápios de qualidade e diversificados, que atendem mais de 55 mil alunos de creches e escolas municipais.
Para uma maior qualidade e distribuição às unidades escolares, os alimentos passam por um processo extenso de planejamento, classificação, criação e execução. Não é de qualquer forma que os produtos são direcionados para os pratos dessas crianças e adolescentes, exige um cuidado a mais.
"Esses alimentos são especificamente selecionados. O planejamento do cardápio é feito mensalmente. Na última semana de todo mês já encaminhamos às escolas para que elas se programem. A gente também observa a safra do momento, a questão da sazonalidade e se o alimento é próximo ao orgânico, com menos ou zero agrotóxico", revelou a nutricionista do setor de Alimentação e Nutrição Escolar da Semed, Carla Pereira.
Há uma relação entre a alimentação e o bom desempenho escolar dos estudantes na sala de aula. Segundo pesquisadores e nutricionistas é necessário que a escola e os gestores da rede de educação de uma localidade estejam atentos às escolhas dos produtos que vão servir de alimento para as crianças, já que o alimento ajuda a desenvolver a cognição e a obter resultados satisfatórios no aprendizado dos alunos.
A nutricionista da Semed, Ane Caroline da Silva, contou que o setor de Alimentação e Nutrição Escolar entende que, para um bom aprendizado na sala de aula, a criança deve estar bem alimentada e sem faltar com os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.
O PNAE e a educação alimentar
Segundo a profissional são criados cardápios exclusivos para as unidades escolares. Para isso, o setor tem como base os objetivos e as diretrizes da resolução 6 do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
" Essa resolução veio com algumas inovações para a alimentação escolar, entre elas, a alimentação de até 3 anos de idade com alimentos sem açúcar, não pode conter ultraprocessados, então o cardápio foi todo planejado de acordo com essa legislação. A gente tem os itens que as escolas compram com os fornecedores deles e tem os itens que são da agricultura familiar", explicou a nutricionista.
Além desses critérios para a criação do cardápio, o documento também recomenda a realização de ações de educação alimentar que perpassam os componentes curriculares nas escolas.
"A partir do momento em que a gente pega as criancinhas e tenta dar esse ensinamento desde o infantil para que ela tenha esse hábito alimentar melhorado, a tendência é que ela chegue na fase adulta com a alimentação melhorada", disse Carla.
Agricultura familiar no prato dos alunos
Produtos ricos em ferro, proteína, por exemplo, são escolhidos e comprados com recursos da Semed. Tomate, cebola, batata, frutas, hortaliças, peixes, carnes, são alguns dos alimentos mais procurados e adquiridos pela Nutrição da secretaria. Após essa etapa de planejamento e escolha de alimentos, é a vez da seleção por edital público das cooperativas e agricultores familiares responsáveis pela produção desses produtos.
Conforme a legislação, pelo menos 30% da alimentação escolar tem que ser advinda da agricultura familiar e cooperativas que utilizam o mínimo de agrotóxicos nos produtos.
A nutricionista da Semed, Maria Rita Pontes, faz parte da comissão especial para a chamada pública e trabalha com essa função desde 2015. Ela também faz parte da fiscalização. A profissional explicou que para comprar alimentos da agricultura familiar, primeiro é necessário realizar uma articulação com o agricultor para saber o que ele planta. Esse encontro é feito por meio de audiências públicas que são feitas todo ano no auditório da secretaria.
"Quando a gente vai fazer a seleção, a prioridade é que o alimento seja orgânico e a grande maioria trabalha com alimentos sem agrotóxicos. Tem a questão social porque o agricultor não trabalha pelas encostas. Pela legislação, nós podemos escolher região imediata, que é a região metropolitana de Maceió, a exemplo da cidade de Pilar", contou Maria Rita.
Segundo a nutricionista, todas as cooperativas são do território alagoano, mas também recebem propostas de outros estados do país. Nas chamadas públicas são definidos os preços e os prazos para a entrega dos alimentos.
"Podemos escolher fornecedores de regiões próximas ao Município, depois no estado, e depois no Brasil, mas a principal escolha é os que estão próximos da nossa região. Atalaia, de União dos Palmares, Santana do Mundaú, Joaquim Gomes, Maragogi, Branquinha, entre outros. Trabalhamos com 11 cooperativas, todas do estado", concluiu
'Desembalar menos, descascar mais'
Depois da etapa de planejamento, seleção de fornecedores e realização de audiências públicas, é a vez da distribuição dos alimentos para as escolas e, por sua vez, a execução do cardápio na merenda.
Durante as audiências públicas é acordado entre as partes que os alimentos serão entregues diretamente nas escolas e creches municipais.
Carla explicou também que o cardápio é construído de acordo com a modalidade de ensino de cada unidade. Há cardápio para educação infantil parcial e integral, fundamental parcial e integral e para a Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI).
Para as crianças da educação infantil, por exemplo, são escolhidas frutas para serem incluídas na merenda todos os dias. No Ensino Fundamental e na EJAI, duas vezes na semana. Além do café da manhã, almoço e jantar, que são totalmente reforçados.
"Alunos com necessidades alimentares especiais também têm um cardápio diferenciado. Aqueles que têm diabetes, ou algum tipo de alergia, a gente faz uma adaptação do cardápio comum, adequando para essas necessidades", destacou Carla.
O lema do setor de Nutrição da Semed é "desembalar menos e descascar mais", porque, de acordo com a nutricionista, são selecionados alimentos menos processados, alimentos naturais e saudáveis.
"A partir do momento que colocamos alimentos mais saudáveis dentro da escola, a gente consegue prevenir deficiências. Conseguimos prevenir a anemia nesses alunos, por exemplo", concluiu.
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