Dia do Professor: Prefeitura de Maceió homenageia todos os docentes de creches e escolas municipais
Práticas inovadoras de ensino e aprendizagem são utilizadas pelos profissionais que integram a rede pública municipal de ensino
Neste domingo (15), quando é comemorado o Dia do Professor, a Prefeitura de Maceió conta algumas histórias de profissionais, que são essenciais na construção de novos saberes, ao mesmo tempo em que homenageia todos os docentes que integram a rede pública municipal de ensino, vinculados à Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Um deles é Bruno Duarte, 47 anos, que há 22 trabalha como professor. Desde 2007, o docente leciona na Escola Municipal Neide França, localizada no bairro Pescaria.
O professor Bruno teve a ideia inovadora de criar jogos e brincadeiras decoloniais, com o intuito de ressignificar os personagens da cultura popular de Alagoas, que são considerados folclóricos por boa parte da população.
É possível ver o Boi Bumbá, o Guerreiro, o Jaraguá, a Burrinha Zabelim, e muitos outros, em peças de tabuleiro, jogos de memória, cubos com o alfabeto numérico, jogo da velha e brinquedos geométricos. Tudo feito de uma forma com a qual os alunos aprendam, brincando, as noções de cultura popular.
"O que me motivou a ter essa iniciativa foi, primeiro, por eu ser um pedagogo que trabalha com ludicidade, performatividade e cultura popular. E, segundo, por entender a necessidade do trabalho lúdico na sala de aula com crianças, adolescentes e jovens. Eu faço tudo junto com mais alguns jovens que me dão suporte no ateliê", relatou o professor.
Bruno contou que os jogos decoloniais surgiram a partir do estágio doutoral que ele fez na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), em Porto Alegre.
Nesse período, ele aproveitou o tempo de estudo para visitar várias escolas que trabalham com a Pedagogia da Infância. "E lá eu visualizei e conhecei diferentes jogos decoloniais, brinquedos que são chamados originários, feitos de madeira, graveto, pedra, tinta fresca e, claro, se utilizando de temas da cultura popular", ressaltou.
A partir daí, Bruno começou a confeccionar os jogos trazendo para o contexto alagoano e a cultura do estado. O material fez tanto sucesso, que além de ser utilizado na Escola Neide França, também foi adquirido para algumas salas de aula de Murici, Porto de Pedras, Branquinha, Feliz Deserto, Coruripe, São Miguel dos campos, entre outras cidades alagoanas.
Segundo o professor, esse trabalho com os jogos estimula o resgate das tradições infantis, da memória afroindígena e faz com que os estudantes aprendam diferentes possibilidades do cotidiano.
"Os jogos empoderam as crianças, fazem elas reviverem suas temáticas afro-indígenas e do cotidiano. Todos esses encantados das brincadeiras populares do estado dialogam com a religiosidade, o empreededorismo, o conhecimento científico e popular. As crianças adoram", explicou Bruno, que concluiu destacando o significado do que é ser professor.
"Para mim, ser professor é na verdade a performance da vida. É um sujeito que implica ou imprime seu corpo, sua voz e seu significado na sua ação de educar", ensinou.
Pertencimento
Segundo o coordenador de Ações Educacionais de Direitos Humanos e Cidadania da Semed, Luciano Amorim, ter professores que incentivam a consciência social na rede pública municipal de ensino só demonstra o quanto a Educação de Maceió tem profissionais que não visualizam os processos educativos de forma redutiva ao conteúdo, mas que amplificam esse conhecimento.
“Existe uma relevância gigante nesses processos. Porque os sujeitos que participam desses processos educativos na escola conseguem desencadear ações de pertencimento, reconhecimento, relações comunitárias, e que dentro do processo educativo isso é extremamente possível pois fortalece os processos de aprendizado de sujeitos. Quando a pessoa se reconhece no espaço, quando sua história é recontada, quando os sujeitos que estão ali não são reduzidos a processos considerados folclóricos ou dessa natureza, com certeza outra história pode ser desenvolvida”, destacou o educador.
Para ele, os estudantes que adentram espaços escolares levam também consigo suas histórias de pertencimento e saberes, e por isso ações como essas são importantes para os processos de ensino e aprendizagem.
“A partir do momento em que o espaço escolar não reconhece tudo aquilo que é trazido na bagagem com esses estudantes, a transposição e o diálogo não acontecem, ocorre uma intransigência. Então, quando vemos professores assim na rede, a gente vai saber o quanto que existe de diálogo, sensibilidade, atenção, cuidado, processo educativo envolvido, para desenvolver um trabalho mais harmonioso”, explicou Luciano.
Projeto Soletrar
A professora Ana Maria da Silva, da Escola Municipal Maria José Clemente, localizada no Benedito Bentes, é outra profissional que tem motivado os estudantes à alfabetização no tempo certo através da brincadeira. Ela implementou na escola o Projeto Soletrar, em 2016, e até hoje vem conseguindo bons resultados.
"A dinâmica é realizada com alunos dos 1º e 2º e tem o objetivo de treinar a base alfabética a partir da soletração de palavras, dos mais variados temas, como frutas, verduras, objetos, comida, animais, entre outros", revelou a docente.
Os exemplos citados na reportagem e demais professores da rede pública municipal de ensino se destacam por promoverem ações que abrem portas do conhecimento para milhares de crianças e adolescentes em sala de aula.
Tal conhecimento possibilita uma abertura de mundos, visões e de perspectivas, como também estimula o senso de pertencimento e a ancestralidade.
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