“Que virada!”, talvez seja a melhor forma de definir a história de vida do atual secretário municipal de Assistência Social, Carlos Jorge. A exclamação veio em live com o apresentador Luciano Huck neste domingo (21), pelo Instagram. Em abril de 2020, Carlos Jorge participou do programa Cadeirão do Huck no quadro The Wall, no qual os participantes tentam a sorte para conseguir dinheiro e levantar seus projetos.

Na época, Carlos liderava o projeto “Mandaver”, Organização Não Governamental (ONG) que atua no bairro Vergel do Lago, em Maceió. O projeto atende milhares de jovens da periferia, com ações sociais, culturais, de qualificação profissional e para diminuir os impactos da pandemia do coronavírus na comunidade. Seu sonho era e ainda é reurbanizar o Vergel, transformando-o no lugar mais inovador e tecnológico de Alagoas.

Sua história de vida, apesar de bem difícil, é mais comum do que se imagina nas periferias brasileiras. Sua infância foi marcada pela violência doméstica, física e sexual e, após morar com sua mãe e seu tio, encontrou em uma vizinha, a Dona Maria, um exemplo vivo de perseverança e resiliência. Aos 17 anos, com a morte dela, o jovem começou a participar de projetos sociais.

“Sair daquela tragédia pessoal e social parecia impossível, mas ela me resgatou. Quanto mais trabalho eu dava, mais ela me incentivava. Eu queria seguir o legado dela, fazer pelas outras pessoas o que ela fez por mim”, disse Carlos Jorge. E assim nasceu o projeto “Mandaver” em 2014.

Quase um ano depois de sua participação no programa, o atual secretário de Assistência Social de Maceió é parte de uma revolução no setor público, que hoje conta com líderes e empreendedores sociais vindos da favela. Seu sonho continua o mesmo, mas agora com a força para mudar a realidade de toda Maceió.

“Quem viveu a realidade das comunidades mais carentes de Maceió tem uma sensibilidade diferente às necessidades de quem ali vive. Hoje, como secretário municipal, eu consigo fazer muito mais pelo lugar de onde vim, que tanto precisa da atenção do poder público, mas também por todo maceioense que vive às margens da população”, pontuou o secretário.

Carlos Jorge acredita que, para alcançar a mudança social, a iniciativa privada, o setor público e o terceiro setor precisam convergir. “Precisamos criar pontes, demolir qualquer muro que crie essa desunião para engajarmos todas as frentes no propósito de ajudar, principalmente, os mais vulneráveis. Precisamos ver os problemas não só como ‘meus’, mas como ‘nossos’. Os problemas da sociedade são de todos nós”, concluiu.

Na live, também esteve presente Edu Lyra, uma das maiores autoridades no empreendedorismo social, fundador e CEO da Rede Gerando Falcões, que atende cerca de 300 favelas em todo o Brasil, apoiados por diversas empresas da iniciativa privada.