Empreendedorismo social resgata mulheres da depressão e da vulnerabilidade social

O grupo Motivarte é composto por 20 mulheres que produzem artesanato semanalmente

Felipe Pimentel (estagiário)/Ascom Semdes 21/05/2023 às 09:30
Empreendedorismo social resgata mulheres da depressão e da vulnerabilidade social
O grupo Motivarte é composto por cerca de 20 mulheres que produzem artesanato semanalmente. Foto: Allan César/Secom Maceió

Empreender foi a mudança de chave que a vida de Maria Cristina precisava. A moradora do bairro do Prado, em Maceió, é natural de Pernambuco e sempre teve o artesanato como parte de sua história. No entanto, sua caminhada no mundo dos negócios só começou a partir dos cursos profissionalizantes do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Dom Adelmo Machado. 

Foi neste meio que a pernambucana conheceu outras mulheres com habilidades artesanais e descobriu que juntas poderiam unir forças para mudar o panorama de suas vidas, através da arte que produziam. E durante o ano de 2015, o Motivarte nasceu, unindo o desejo de empreender de mulheres das regiões periféricas da capital de Alagoas.  

“Durante nossos encontros no Cras, firmamos uma amizade muito grande, e a partir disso percebemos que cada uma de nós sabia fazer algo de diferente, então nos juntamos e criamos o Motivarte. Esse nome, veio porque cada uma de nós tinha um motivo para trabalhar com a arte. Seja para fugir da depressão, da inatividade ou do desemprego”, explicou Maria Cristina.  

Ao todo, o grupo conta com 20 mulheres que se encontram semanalmente para produção de peças de filé, crochê, tricô, fuxico, corte e costura, além da pintura em tecido. Eline Menezes é uma das participantes do ilustre grupo. Ela chegou em Maceió ainda em 2017 e viu no Motivarte uma forma de gerar renda extra para sua casa. Porém, além disso, ela achou no grupo de mulheres um apoio para se recuperar da depressão e suprir a falta do seio familiar.  

“Quando cheguei em Maceió, ainda em 2017, me vi totalmente sozinha, em uma cidade que eu não conhecia nada, nem ninguém, foi terrível e logo me vi entrando em depressão. Sem muito contato com a família, procurei uma unidade de saúde que me indicou o grupo Motivarte, para que pudesse me socializar e suprir a solidão. E realmente foi isso que aconteceu, estar com essas mulheres me fez muito bem, foi uma terapia para mim, onde me vi acolhida novamente em uma família. Foi um resgate que me trouxe bons frutos, tanto pessoal, quanto financeiro”, falou Eline.  

As peças produzidas semanalmente pelas mulheres podem ser encontradas em feiras de artesanatos em toda a Maceió, e também na sede do Cras Dom Adelmo Machado, que fica no bairro do Prado. Os preços variam para cada tipo de peça, tornando a produção acessível. A tesoureira do Motivarte, Maria José de Souza, ressalta que mesmo com poucas vendas, o negócio consegue ajudar nas despesas do dia a dia.  

“Muitas mulheres que participam do grupo, tem o Motivarte como uma forma de renda, além dos momentos de descontração e aprendizado. São peças com preço baixo, mas que conseguem ajudar no dia a dia. Já que R$10, R$20 ou R$30 cobre o custo de pequenas coisas”, falou Maria José.  

Pandemia  

Durante o momento de isolamento social, as atividades do grupo foram suspensas, seguindo as recomendações das autoridades sanitárias. Apesar disso, elas continuaram produzindo, mas cada uma em suas casa, foi só em outubro de 2022, que o grupo se reuniu novamente.  

No retorno as mulheres ganharam um aliado no cuidado com a saúde física e mental, pois seriam acompanhadas de perto pela equipe de residentes multidisciplinares da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), que conta com residentes de psicologia, fonoaudiologia, nutrição e enfermagem. 

“A nossa proposta, é realizar promoção em saúde partindo das demandas que surgirem delas e potencializando ainda mais os vínculos, trabalhos artesanais que em si, já são terapêuticos. Faremos encontros quinzenais com elas dos quais objetivam promover saúde fortalecendo essa rede de apoio”, explicou o residente de Psicologia da Uncisal, Samuel Conselho.   

A coordenadora do Cras Dom Adelmo Machado, Djane Pacheco, explica o papel do equipamento social da Prefeitura de Maceió para a evolução e promoção do grupo de empreendedoras.  

“O Cras já viabilizou algumas capacitações em cursos de empreendedorismo e associativismo para elas. É um trabalho que visa contribuir para que elas assumam uma postura gerencial empreendedora na produção e comercialização de seus produtos, alcançando maior autonomia de renda. Além da maior integração e socialização entre elas”, falou Djane.    

Como participar? 

Maceioenses que quiserem participar do grupo, podem procurar o Cras que fica localizado na rua João Ulisses Marques, 112, no bairro do Prado. E para mais informações a população pode ligar para o (82) 3312-5953. Os encontros acontecem todas as terças-feiras, as 14h. 

SEMDES

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