Assistência Social realiza abordagens durante força-tarefa de combate ao trabalho infantil
Quase 10 casos foram de crianças ou adolescentes em situação de vulnerabilidade
Trabalho infantil, mendicância, pessoas em situação de rua e outras situações de vulnerabilidade foram flagradas na força-tarefa iniciada nessa quarta-feira (19) pela Secretaria Municipal de Assistência Social de Maceió (Semas). As ações somaram 40 abordagens em duas rotas que passaram pela orla e Farol.
Quase dez dos casos encontrados foram de crianças ou adolescentes pedindo dinheiro, acompanhando os pais ou vendendo produtos para sobreviver. Os números farão parte de um relatório da Diretoria de Proteção Social Especial da Semas, onde irão constar dados coletados até o final de abril, e que será encaminhado para outros órgãos do Município, para o Ministério Público Estadual e para os conselhos tutelares.
De acordo com a diretora de Proteção Especial, Tatiana Boia, o intuito da força-tarefa é identificar as necessidades de cada pessoa encontrada nas ruas e dar os devidos encaminhamentos.
De acordo com o último diagnóstico, elaborado em setembro de 2022, havia 1700 pessoas em situação de rua. “Vamos tomar a medida correta para cada perfil, por isso estamos acompanhados da Diretoria de Proteção Básica, da Diretoria de Direitos Humanos, do Cadastro Único, da Abordagem Social, dos Creas e dos Cras. Vamos também repassar o relatório para o MP tomar as providências e provocar o judiciário, principalmente nas situações de crimes, em que pessoas usam crianças e adolescentes como meio de renda”, detalhou a diretora.
Também haverá encaminhamentos para a Secretaria de Saúde, nos casos de transtornos mentais e dependência química, para a Secretaria de Trabalho, para o programa jovem aprendiz e outras alternativas.
A psicóloga e técnica de referência Lidiane Guedes explica que a ação está sendo mais aprofundada para que, após o levantamento das necessidades gerais da família, seja identificado o que falta para o poder público colaborar.
Ela reforça que a situação de trabalho infantil nas ruas aponta um problema mais grave de vulnerabilidade. “É a ponta de uma iceberg, porque por trás disso há uma necessidade real de sobrevivência. Há uma inversão da responsabilidade pelo sustento da família, porque a criança sensibiliza mais. Estar nas ruas é considerado uma das piores formas de trabalho infantil; a criança está sujeita ao tráfico, exploração sexual, abuso, insalubridade, exposição ao sol, sem falar das questões emocionais. São atividades para as quais ela não está preparada para enfrentar”, afirma.
Em uma das situações encontradas pela equipe durante a tarde dessa quarta, a técnica de referência do Serviço de Abordagem Social Darlany Vieira conversou com um adolescente de 14 anos que estava pedindo dinheiro na porta de um supermercado.
Ele contou que está matriculado na escola, mas não frequenta as aulas porque não tem tênis, mochila, nem material escolar. O jovem mora com 13 pessoas em uma casa alugada. “Ou seja, a família precisa do apoio dos serviços para sair dessa situação de vulnerabilidade. Ele tem o perfil para ser inserido no Jovem Aprendiz, que vai ajudá-lo a sair dessa situação. Vamos também até a escola para ter conhecimento do que impede ele de frequentar as aulas e ver o que a Assistência Social pode fazer por essa família”, revelou.
A ação da Semas continua durante todos os dias, e até o final de abril deverá ter um novo diagnóstico aprofundado sobre as pessoas em situação de rua. Quem acompanhou o trabalho na tarde de ontem aprovou, como foi o caso do motorista particular Mozart da Silva.
“Vi a abordagem e me interessei em saber do que se tratava. Já tinha visto o trabalho de abordagem uma vez, mas não sabia que era tão profundo. É uma preocupação para mim, porque tem pessoas que realmente estão em situação precária, outras não, a gente não sabe em quem confiar. É um trabalho maravilhoso para ver se conseguimos tirar as pessoas das ruas”, parabenizou.
O proprietário de um trailer na Praça do Skate, que preferiu não se identificar, considera importante a ação, especialmente agora, quando ele percebeu um aumento do número de pessoas em condição de rua que estão frequentando o local. “Tem um grupo aqui de meninas, visivelmente menores de idade, e alguns rapazes, que ficam pronunciando palavras de baixo calão o dia inteiro. Tem a questão da prostituição, não sei se tem também uso de drogas. A gente fica com medo”, conta.
Para solicitar a ação da Abordagem Social da Semas, a população pode entrar em contato pelo telefone 3312-5900 ou por meio das redes sociais da Prefeitura de Maceió.
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