A linguagem antirracista como ferramenta pela igualdade racial foi discutida com assessores de comunicação da Prefeitura de Maceió em uma roda de conversa, ocorrida na manhã deste sábado (25), no auditório do Ritz Hotel Lagoa da Anta, na orla da capital.

Inédito pela proposta de trazer ao campo da argumentação o combate ao racismo a ser feito pela comunicação pública, o evento fazia parte do cronograma de atividades da campanha "Maceió é Massa Sem Racismo", idealizada pelo município em parceria com o Instituto Raízes de Áfricas.

Para a condução do bate-papo, a prefeitura convidou a jornalista Juliana Cézar Nunes, referência nacional nesta pauta, sendo mestra em Comunicação Social e integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do DF (Cojira-DF), além de gerente de Jornalismo Digital da EBC, Agência Brasil e a Radioagência Nacional.

“Cada um pode ser agente de mudança ao estabelecer as pontes entre o poder público e os jornalistas para dirimir o racismo da sociedade”, disse a jornalista, ressaltando a importância da discussão do tema na comunicação pública.

O evento marcou o início de uma discussão no município que visa à construção de uma proposta para formação continuada dos servidores e compartilhamento de conhecimentos.

Para a subsecretária de Comunicação de Maceió, jornalista Eliane Aquino, por muito tempo a imprensa tratou o racismo meramente pela questão do preconceito, deixando de lado o debate sobre todas mazelas que este mal causa na sociedade.

“Precisamos muito de pessoas capacitadas para trabalhar a igualdade em nosso país. Importante esta discussão ser feita no município, integrando as pastas nesta campanha de combate ao racismo, no âmbito desta nova perspectiva de comunicação da Prefeitura de Maceió”, destacou a jornalista.

Na avaliação da coordenadora de Igualdade Racial da prefeitura e do Instituto Raízes de Áfricas, Arísia Barros, a desconstrução do racismo passa pelo conhecimento dele, e o bate-papo deste sábado se transformou em uma ferramenta para se chegar a este objetivo.

Arísia Barros aproveitou para despertar nos jornalistas presentes ao evento a iniciativa de criar um plano de comunicação antirracista nos postos de trabalho. E propôs um diagnóstico dos pontos fortes e fracos das pastas em relação à política de igualdade racial, com identificação de fontes, além de estabelecimento de um calendário que inclui datas, eventos e pautas voltadas a esta temática.

“Fizemos aqui um encontro inédito no Brasil, reunindo assessores de comunicação, para discutir sobre o problema. Estamos construindo uma nova história e veio quem deveria participar. A partir de agora, a pauta será ampliada e estamos, assim, contribuído pelo combate ao racismo estrutural em Maceió”, frisou Arísia.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal), Alexandre Lino, parabenizou a Prefeitura de Maceió pela organização do evento e destacou, na fala, a conquista dos espaços da população preta na sociedade.

“O município acerta quando discute, multiplica e amplia essa capacidade correta de se comunicar, sendo este tema fundamental para o debate”, afirmou Lino, revelando que vai trabalhar por novos espaços de discussão da temática da equidade racial na sociedade, a exemplo do curso de jornalismo e relações públicas na Ufal.