Artesãs celebram independência financeira e oportunidades

Programa de geração de renda, promovido pela Prefeitura de Maceió, abre espaços para que artesãs comercializem seus produtos e garantam uma renda estável

Secom Maceió 08/07/2025 às 11:40
Artesãs celebram independência financeira e oportunidades
Iniciativa promove feiras e também a capacitação das participantes. Foto: Secom Maceió

O Programa Economia Solidária, idealizado pela Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Trabalho, Emprego e Economia Solidária (Semtes), tem se consolidado como um espaço de transformação social e econômica para os artesãos da capital. Desde a sua criação, a iniciativa busca oferecer não apenas uma oportunidade de comercialização, mas também de capacitação, fortalecimento de redes e empoderamento profissional.

Quase 100% das participantes nos grupos do programa são mulheres, que encontraram na ação liberdade financeira, superação e pertencimento. Betânia Souza tem 46 anos e faz parte da Economia Solidária há mais de uma década. Seu contato inicial com o artesanato veio por meio de uma amiga, a artesã Francisca Cardeal, que a convidou para aprender técnicas de crochê no programa Economia Solidária.

“Eu sou artesã há mais de 17 anos. O artesanato entrou na minha vida quando eu decidi ter uma liberdade financeira. Eu sempre quis ajudar em casa, mas não podia sair por causa da dependência financeira. A Francisca me propôs: ‘vou te ensinar a fazer algumas peças e levar para vender’ e, quando eu vi aquela renda entrando, percebi que precisava aprender mais”, recorda, contente, Betânia.

Ela conta que, em apenas dois meses, o pequeno lucro das exposições itinerantes já possibilitou que ela sentisse o gosto da liberdade econômica.

“A renda que eu passei a ter com o artesanato me ajudou muito. O que antes eu precisava pedir para o meu esposo, agora eu consigo comprar, pagar minhas contas. Foi aí que percebi que é aqui que eu quero investir minha vida’”, conta.

Amigas artesãs conquistaram independência financeira vendendo suas peças nas feiras itinerantes. Foto Secom Maceió
Amigas artesãs conquistaram independência financeira vendendo suas peças nas feiras itinerantes. Foto Secom Maceió

A artesã disse que ao ingressar definitivamente num grupo de Economia Solidária pode comercializar suas próprias peças e não mais dividir vendas com intermediários. Betânia destacou a importância do programa para quem faz parte.

“A Economia Solidária abre portas. Com ela, conseguimos alugar espaços em shopping, participar de feiras temáticas, ganhar visibilidade, reconhecimento e credibilidade. Quando o consumidor vê a placa com o selo do programa, ele se sente mais seguro para encomendar”, destaca.

Ao longo de 12 anos no programa, Betânia expandiu suas habilidades: do crochê, passou a confeccionar renda filé. Além das vendas, para ela, o impacto vai além do financeiro.

“Entrei sabendo crochê, mas hoje faço renda filé e continuo aprendendo. Graças aos cursos oferecidos pelo programa, conheci outras técnicas e pude me destacar como empreendedora. Aqui, aprendi a conhecer outras pessoas, outras culturas. Participei da Fenearte e de inúmeras exposições da Prefeitura. Foi através da Economia Solidária que meu mundo se abriu”, contou.

Aos 51 anos, a artesã Vânia Maria conta que aprendeu a fazer bordado em filé em 1998, e trabalhava com revenda, mas só passou a expor seus produtos após ingressar na Economia Solidária, há dois anos.

“Antes, eu trabalhava fazendo peças para revenda, vendia para terceiros, mas não tinha onde expor o meu trabalho para o público. Quando entrei no programa, passei a participar de eventos em shoppings, feiras temáticas e no próprio Mercado das Artes. Hoje, as pessoas veem meu trabalho de perto, perguntam sobre a técnica, e isso traz valorização para a arte do filé, que corre o risco de se perder”, aponta.

Vânia comenta que participar da Economia Solidária vai além das vendas e ressalta a importância do grupo para se sentir cada vez mais confiante e focada em sua arte.

“Quando entrei no programa, passei por um momento financeiro complicado. A Economia Solidária não apenas me deu renda extra, me permitiu conhecer colegas, trocar ideias e me motivar. Em dias em que eu desanimava, o grupo me animava.”, disse.

“Se eu penso em desistir, minha coordenadora e as colegas não deixam. Elas me puxam de volta, e lembram que, juntas, somos mais fortes. Se não fosse essa rede de apoio, talvez eu não tivesse continuado e não chegaria aonde cheguei”, pontuou.

Vânia observa que, aos poucos, o ofício do filé tem se tornado raro entre as novas gerações e destaca a importância do programa em manter viva a cultura.

“Antigamente, no Pontal da Barra, as crianças se interessavam por aprender filé. Hoje, é difícil encontrar quem queira aprender. Por isso, é necessário que a Economia Solidária continue mostrando a importância desse trabalho. Ao expor as peças, as pessoas perguntam, descobrem e, assim, o ofício se valoriza”, acredita.

De acordo com a coordenadora da Economia Solidária de Maceió, Salomé Holanda, o papel do programa vai além de oferecer espaços.

“Hoje, em Maceió, temos 27 grupos ativos de artesanato e 15 de gastronomia, somando cerca de 180 pessoas cadastradas. Dessas, quatro são homens e o restante mulheres. Muitos entram para superar processos depressivos, outros para complementar a renda, mas a grande maioria faz disso a única fonte de sustento”, comentou.

Vitrines estratégicas, como a do Shopping Maceió, são utilizadas em sistema de rodízio, garantindo oportunidade para todos os participantes do programa. Foto: Secom Maceió
Vitrines estratégicas, como a do Shopping Maceió, são utilizadas em sistema de rodízio, garantindo oportunidade para todos os participantes do programa. Foto: Secom Maceió

Salomé destaca que o programa utiliza o sistema de rodízio para garantir que todos os grupos possam, em períodos alternados, atuar em vitrines estratégicas, como no Maceió Shopping e no Mercado das Artes.

“Cada grupo participa de escalas periódicas, isso amplia a exposição e potencializa as vendas. Além disso, oferecemos constantemente cursos de capacitação técnica e de empreendedorismo, o que permite que, aos poucos, as artesãs se tornem donas dos próprios negócios.”, contou.

Segundo ela, a importância do programa reflete-se não apenas no aspecto econômico, mas na construção de uma identidade coletiva e na formação de novas empreendedoras.

“Muitas artesãs começaram fazendo crochê básico, mas depois participam de cursos de bordado em filé, aprendem outras técnicas, e isso gera um crescimento como negócio. É um ciclo de solidariedade que gera autonomia e transforma os integrantes em empreendedores”, ressaltou.

Salomé destaca ainda que algumas artesãs integrantes da Economia Solidária já fundaram lojas próprias, outras passaram a exportar seus produtos; há quem hoje faça parte de feiras nacionais, como a Fenearte, e até quem tenha levado a cultura alagoana para diferentes estados do país.

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