Artesãs celebram independência financeira e oportunidades
Programa de geração de renda, promovido pela Prefeitura de Maceió, abre espaços para que artesãs comercializem seus produtos e garantam uma renda estável

O Programa Economia Solidária, idealizado pela Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Trabalho, Emprego e Economia Solidária (Semtes), tem se consolidado como um espaço de transformação social e econômica para os artesãos da capital. Desde a sua criação, a iniciativa busca oferecer não apenas uma oportunidade de comercialização, mas também de capacitação, fortalecimento de redes e empoderamento profissional.
Quase 100% das participantes nos grupos do programa são mulheres, que encontraram na ação liberdade financeira, superação e pertencimento. Betânia Souza tem 46 anos e faz parte da Economia Solidária há mais de uma década. Seu contato inicial com o artesanato veio por meio de uma amiga, a artesã Francisca Cardeal, que a convidou para aprender técnicas de crochê no programa Economia Solidária.
“Eu sou artesã há mais de 17 anos. O artesanato entrou na minha vida quando eu decidi ter uma liberdade financeira. Eu sempre quis ajudar em casa, mas não podia sair por causa da dependência financeira. A Francisca me propôs: ‘vou te ensinar a fazer algumas peças e levar para vender’ e, quando eu vi aquela renda entrando, percebi que precisava aprender mais”, recorda, contente, Betânia.
Ela conta que, em apenas dois meses, o pequeno lucro das exposições itinerantes já possibilitou que ela sentisse o gosto da liberdade econômica.
“A renda que eu passei a ter com o artesanato me ajudou muito. O que antes eu precisava pedir para o meu esposo, agora eu consigo comprar, pagar minhas contas. Foi aí que percebi que é aqui que eu quero investir minha vida’”, conta.

A artesã disse que ao ingressar definitivamente num grupo de Economia Solidária pode comercializar suas próprias peças e não mais dividir vendas com intermediários. Betânia destacou a importância do programa para quem faz parte.
“A Economia Solidária abre portas. Com ela, conseguimos alugar espaços em shopping, participar de feiras temáticas, ganhar visibilidade, reconhecimento e credibilidade. Quando o consumidor vê a placa com o selo do programa, ele se sente mais seguro para encomendar”, destaca.
Ao longo de 12 anos no programa, Betânia expandiu suas habilidades: do crochê, passou a confeccionar renda filé. Além das vendas, para ela, o impacto vai além do financeiro.
“Entrei sabendo crochê, mas hoje faço renda filé e continuo aprendendo. Graças aos cursos oferecidos pelo programa, conheci outras técnicas e pude me destacar como empreendedora. Aqui, aprendi a conhecer outras pessoas, outras culturas. Participei da Fenearte e de inúmeras exposições da Prefeitura. Foi através da Economia Solidária que meu mundo se abriu”, contou.
Aos 51 anos, a artesã Vânia Maria conta que aprendeu a fazer bordado em filé em 1998, e trabalhava com revenda, mas só passou a expor seus produtos após ingressar na Economia Solidária, há dois anos.
“Antes, eu trabalhava fazendo peças para revenda, vendia para terceiros, mas não tinha onde expor o meu trabalho para o público. Quando entrei no programa, passei a participar de eventos em shoppings, feiras temáticas e no próprio Mercado das Artes. Hoje, as pessoas veem meu trabalho de perto, perguntam sobre a técnica, e isso traz valorização para a arte do filé, que corre o risco de se perder”, aponta.
Vânia comenta que participar da Economia Solidária vai além das vendas e ressalta a importância do grupo para se sentir cada vez mais confiante e focada em sua arte.
“Quando entrei no programa, passei por um momento financeiro complicado. A Economia Solidária não apenas me deu renda extra, me permitiu conhecer colegas, trocar ideias e me motivar. Em dias em que eu desanimava, o grupo me animava.”, disse.
“Se eu penso em desistir, minha coordenadora e as colegas não deixam. Elas me puxam de volta, e lembram que, juntas, somos mais fortes. Se não fosse essa rede de apoio, talvez eu não tivesse continuado e não chegaria aonde cheguei”, pontuou.
Vânia observa que, aos poucos, o ofício do filé tem se tornado raro entre as novas gerações e destaca a importância do programa em manter viva a cultura.
“Antigamente, no Pontal da Barra, as crianças se interessavam por aprender filé. Hoje, é difícil encontrar quem queira aprender. Por isso, é necessário que a Economia Solidária continue mostrando a importância desse trabalho. Ao expor as peças, as pessoas perguntam, descobrem e, assim, o ofício se valoriza”, acredita.
De acordo com a coordenadora da Economia Solidária de Maceió, Salomé Holanda, o papel do programa vai além de oferecer espaços.
“Hoje, em Maceió, temos 27 grupos ativos de artesanato e 15 de gastronomia, somando cerca de 180 pessoas cadastradas. Dessas, quatro são homens e o restante mulheres. Muitos entram para superar processos depressivos, outros para complementar a renda, mas a grande maioria faz disso a única fonte de sustento”, comentou.

Salomé destaca que o programa utiliza o sistema de rodízio para garantir que todos os grupos possam, em períodos alternados, atuar em vitrines estratégicas, como no Maceió Shopping e no Mercado das Artes.
“Cada grupo participa de escalas periódicas, isso amplia a exposição e potencializa as vendas. Além disso, oferecemos constantemente cursos de capacitação técnica e de empreendedorismo, o que permite que, aos poucos, as artesãs se tornem donas dos próprios negócios.”, contou.
Segundo ela, a importância do programa reflete-se não apenas no aspecto econômico, mas na construção de uma identidade coletiva e na formação de novas empreendedoras.
“Muitas artesãs começaram fazendo crochê básico, mas depois participam de cursos de bordado em filé, aprendem outras técnicas, e isso gera um crescimento como negócio. É um ciclo de solidariedade que gera autonomia e transforma os integrantes em empreendedores”, ressaltou.
Salomé destaca ainda que algumas artesãs integrantes da Economia Solidária já fundaram lojas próprias, outras passaram a exportar seus produtos; há quem hoje faça parte de feiras nacionais, como a Fenearte, e até quem tenha levado a cultura alagoana para diferentes estados do país.
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