Renasce Salgadinho conta com ações para acelerar o desenvolvimento de Maceió
Mais de vinte intervenções estruturais estão programadas para contribuir diretamente na recuperação de áreas degradadas
Um problema ambiental crônico que ofusca as belezas naturais há mais de um século, afugenta o turismo e se transformou em uma enorme – quase intransponível – barreira que impede o progresso econômico e social de Maceió começará a ser resolvido. O prefeito JHC lançou, nesta sexta-feira (3), o programa ‘Renasce Salgadinho’, um pacote de obras que vai mudar a realidade de uma das áreas mais degradadas e impactadas negativamente ao longo dos anos.
Os trabalhos integram a programação do Programa Maceió Tem Pressa, lançado este ano pelo prefeito, que tem como objetivo acelerar o desenvolvimento estrutural da cidade.
Mais de 20 intervenções estão previstas na região. São trabalhos de requalificação ambiental, análise, revisão e consolidação de estudos topográficos, geológicos, geotécnicos e hidrológicos, modernização de vias e ruas, melhorias no sistema de drenagem, de contenção de erosão, de recomposição do Salgadinho, construção de passarelas, sinalização e mudanças no projeto paisagístico. Ações educativas, com palestras, oficinas de reciclagem e outras atividades ainda fazem parte do arcabouço técnico-operacional.
O programa inclui, principalmente, a implantação de jardins filtrantes, tecnologia de baixo custo e de fácil manutenção para tratamento de esgoto. Mas, não é só isso. As obras contemplarão, além do Salgadinho, a requalificação ambiental dos riachos do Reginaldo, Pau d’Arco, do Sapo, Gulandi e Águas Férreas.
Cinco estações elevatórias e oito barreiras de contenção de detritos serão construídas, colocando em prática um dos braços do projeto de saneamento da região. O esgoto que, atualmente, escorre sem limites nestes cursos de água e contamina o mar vai, enfim, ser direcionado ao Emissário Submarino, eliminando o mau cheiro e o rotineiro acúmulo de lixo na foz, em Jaraguá, em dias de grande volume de chuva na cidade.
Paralelos a estes serviços, outras intervenções vão transformar a região e devolvê-la ao maceioense de maneira segura. O programa vai desassorear o Salgadinho e reforçar as paredes do canal com colunas. Ao longo do trajeto, a meta é reurbanizar a área. Por isso, está prevista a criação de travessias, zonas de convívio, com calçadas requalificadas, acessíveis e bem iluminadas, além da pavimentação asfáltica adequada das pistas.
As obras já começaram e podem ser acompanhadas de perto pela população. Um canteiro de obras foi instalado no acesso ao Reginaldo e as tubulações que vão receber as contribuições de esgoto e fazer as ligações entre os riachos que compõem a bacia do Salgadinho estão sendo instaladas na Avenida Gustavo Paiva, que liga a capital ao Litoral Norte.
O investimento global é na ordem de R$ 76,4 milhões. Os trabalhos estão sendo tocados pelo consórcio DCH, vencedor da concorrência pública, e devem durar 24 meses. Com todas estas ações, o município busca, simultaneamente, a prosperidade socioeconômica, melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente, começando a resolver um grave problema ambiental que envergonha a cidade há anos.
“As ações integradas para solucionar os problemas identificados foram planejadas sob os critérios mais adequados para maximizar os benefícios a toda a população da capital, além dos moradores da região e isso está alinhado aos mais modernos conceitos de desenvolvimento urbano em prática atualmente”, explica Jaime Holguín, representante do CAF – banco de desenvolvimento da América Latina, que financiou a reformulação.
Jardins filtrantes – Uma das principais alternativas pensadas de maneira ecologicamente correta são os jardins filtrantes, que consistem em sistemas naturais de tratamento de esgoto compostos por plantas aquáticas e filtros.
“É uma alternativa interessante para tratamento de esgoto pelo seu baixo custo de instalação e operação, e por ser mais ‘sustentável’, tendo em vista que não utiliza produtos químicos. Além disso, a biomassa gerada pelas plantas pode ser reutilizada como adubo e ração animal, entre outras vantagens”, explicou Patrick Leite, gerente socioambiental da Unidade Gestora do Programa Maceió Tem Pressa.
Ele acrescenta que a tecnologia pode gerar diversos benefícios, como recriar um ecossistema mais equilibrado, já que, além dos processos de autodepuração da água, também promove a maior umidade da região, propiciando o desenvolvimento da vegetação e um melhor equilíbrio térmico da cidade.
“O jardim filtrante se torna uma solução eficiente para o aumento de áreas verdes e reciclagem natural de águas cinzas, havendo a possibilidade de criar e expandir jardins onde, antes, não era valorizado. Além de contribuir para a redução da poluição, ele fornece a melhoria na qualidade do ar, reduz os efeitos de ilhas de calor, diminui a poluição sonora local, além de ser uma iniciativa eficiente e sustentável na busca por ambientes limpos e espaços verdes em centros urbanos”, complementou Patrick.
Além da implantação deste mecanismo, as cinco estações elevatórias que serão construídas vão direcionar os efluentes para o Emissário Submarino, dando assim, a destinação correta para o esgoto.
“É um equipamento de suma importância para realizar o bombeamento do efluente que possui dificuldade em passar pelas tubulações, sejam essas muito profundas, ou muito declinadas. Dessa maneira, após o bombeamento, o efluente segue até o seu destino”, explicou.
Também serão implantadas barreiras de contenção de detritos, que, no formato de cortina, devem conter lixo e resíduos ao longo de todo o Salgadinho. “A instalação destas barreiras tem, como objetivo, reter lixos como garrafas pet, sacolas plásticas, vidro, latas de refrigerante e outros objetos que são facilmente encontrados no curso do Salgadinho e, que em dia de chuva, chegam à Praia da Avenida”, ressalta.
O programa ainda prevê a revitalização da orla de Jaraguá, no trecho compreendido entre o Memorial à República e o antigo prédio da loja da TIM; e da Avenida Gustavo Paiva, nas proximidades do campus da Unit, em Cruz das Almas, por onde passa o Riacho Águas Férreas.
Thiago Gomes e Daniel Paulino / Secom Maceió
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