Algodoeiro-da-praia ganha intervenção com crochê e se transforma em espaço criativo na orla
Arte faz referência aos corais do mar e foi produzida por mulheres artesãs do bairro de Ipioca
Uma árvore diferente do comum, uma linda paisagem ao fundo e uma arte milenar feita por mulheres da periferia de Maceió. Todos esses elementos foram integrados em mais um ponto criativo na cidade, na orla da Ponta Verde, que vai encantar moradores e turistas.
O algodoeiro-da-praia que fica na Avenida Silvio Carlos Viana, no último canteiro central antes do Alagoinhas, recebeu aplicações de crochê que imitam corais e foram produzidas por um grupo de mulheres do bairro de Ipioca, as Marias Crocheteiras.
O local foi escolhido porque já reúne algumas particularidades, como o fato de um dos troncos da árvore ser declinado em direção ao chão, formando um banco natural. E ao fundo, o mar de Ponta Verde e o por do sol terminam de enfeitar a paisagem.
De acordo com o gerente da Zeladoria Municipal, Fábio Palmeira, a árvore sempre chamou atenção de quem passava por ali. Muitas pessoas, inclusive, já faziam fotos no espaço. Mas foi em uma vistoria recente na orla que o prefeito JHC identificou a possibilidade de promover uma intervenção.
O Município decidiu apoiar o projeto das crocheteiras de Ipioca para, além de transformar o lugar em um espaço criativo e aconchegante, dando mais destaque à árvore, incentivar a geração de renda entre as mulheres do projeto. A linha usada é de nailon naval, apropriada para a exposição à chuva e sol.
“Nossa intenção é estimular e resgatar esse trabalho tradicional que tem se perdido no tempo. Vamos trabalhar não só o crochê para deixar nossa cidade linda, mas também as rendas do Pontal, trazendo beleza e cores para a nossa cidade”, afirmou.
Mais acessibilidade - Outra intervenção feita no local pelo Município promoveu mais acessibilidade a pessoas com deficiência. A rampa de acesso para cadeirantes estava em frente ao tronco que forma o banco, o que a deixava inutilizada.
A Prefeitura construiu a rampa em outro ponto, um pouco mais afastado, permitindo a livre circulação para deficientes, e ainda vai criar um jardim e instalar um banco rústico. “Além de não perder a árvore, nós também conseguimos uma melhor acessibilidade. Foi criado outro banco em frente ao tronco, para que as pessoas possam contemplar a paisagem, ficar vendo o mar e olhando a árvore. Criamos uma mini praça”, explica a arquiteta e urbanista da Zeladoria Municipal, Adriana Codá.
A ação tem apoio da Gerência Municipal da Orla Marítima, da Superintendência de Transporte e Trânsito e da Superintendência de Desenvolvimento Sustentável.
Marias Crocheteiras
O projeto Marias Crocheteiras tem seis meses de vida e já possui muita história para contar. A coordenadora, Graça Malta, diz que decidiu incentivar o crochê entre as mulheres de Ipioca para resgatar a tradição e tornar o bairro conhecido pela arte. Ela também enxergou uma oportunidade de estimular a geração de renda e resgatar a autoestima das moradoras durante a pandemia.
“Lá era a única região que não tinha um artesanato local, e a minha vontade de levar o crochê é porque essa foi a arte que aprendi com minha mãe, com minha avó. O projeto tem seis meses e hoje temos entre dez e 12 mulheres. Mas sabemos que tem muito mais: a cada cinco casas do bairro, uma tem uma mulher que sabe fazer crochê”, destaca.
Para dar visibilidade à ação, elas tiveram a ideia de fazer intervenções nas árvores de Ipioca, e deu certo. Foi por meio desse trabalho que surgiu a parceria com o Município.
Agora, com a árvore da Ponta Verde, a fama só aumenta e vai ajudá-las a vender as peças que já começam a compor o mostruário das Marias Crocheteiras. “Estamos muito felizes porque, enquanto estamos fazendo, já pararam muitas pessoas, gente encantada com o colorido, com as formas. E na árvore terá uma etiqueta com QR Code para levar ao perfil do projeto no Instagram”, afirma.
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